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MEMÓRIAS

Livro resgata gestão de Hélio Dourado à frente do Grêmio

Uma das maiores lideranças esportivas gaúchas em todos os tempos, o santa-cruzense Hélio Volkmer Dourado, falecido em 1º de agosto de 2017, aos 87 anos, ganhou em 2019 um livro que constitui registro de sua trajetória junto ao seu clube do coração, o Grêmio. Hélio Dourado: 6 anos que valem ouro (Gestão 1976 a 1981), de autoria de Fábio Bloise Mundstock, lançado pela AGE em outubro, contextualiza para as atuais gerações, em especial as que nasceram após aquele período, quem foi esse desportista.

E é obra capaz de tornar presente igualmente uma das épocas áureas do futebol brasileiro, que havia conquistado o tricampeonato mundial com em 1970. No ambiente dos clubes, vivia-se a transição entre um amadorismo ainda muito presente e uma gradativa profissionalização. Tanto que na década de 1970 o campeonato nacional ainda era organizado pela Confederação Brasileira de Desportivos (CBD), que se ocupava inclusive das modalidades olímpicas, até, finalmente, ser criada a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

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Livro foi lançado em outubro

E a história de seu Hélio, como Mundstock detalha, esteve diretamente vinculada a essa profissionalização, além da preocupação com o engajamento da torcida. Essa mobilização foi ainda mais marcante quando Dourado se determinou a construir o anel superior do Olímpico, apoiado em diversas campanhas e sorteios. Em paralelo, liderou o esforço para retomar a hegemonia estadual, uma vez que o Internacional havia chegado ao octacampeonato. Em 1977, o Grêmio conseguiu, finalmente, ficar com o título. E mirou um voo maior, o título nacional, que o Inter já conquistara três vezes, em 1975, 1976 e 1979. Em 1981, contra o São Paulo, em pleno Morumbi, Dourado via o clube cumprir a promessa.

Era o ápice, naquele momento, de uma paixão alimentada ao longo das décadas. Tudo começou em Santa Cruz, onde Hélio nasceu no dia 20 de março de 1930, filho do professor Luiz Pinheiro Guimarães Dourado e de Dagmar Volkmer Dourado. Após o falecimento de seu Luiz, em 1935, dona Dagmar optou por fixar-se em Porto Alegre, sua cidade natal, quando chegou o momento de Hélio fazer a admissão ao ginásio, em março de 1940. Seu presente de aprovação no Colégio Anchieta foi uma surpresa preparada pela mãe: a carteira de sócio do Grêmio. Assim, deixou de lado o radinho, no qual acompanhava os jogos, e começou a assistir às partidas diretamente na Baixada.

Formado em Medicina, seu Hélio atuou como cirurgião geral e toráxico por 30 anos, com base no Hospital Ernesto Dornelles. Aos 24 anos comprou sua cadeira cativa no recém-inaugurado Estádio Olímpico, que ajudaria a concluir mais tarde. Desde 1968 foi conselheiro do clube, e ocupou as vice-presidências de Relações Sociais, de Finanças e de Patrimônio, bem como a de Futebol, em 2004.

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Em 2011, deixou sua marca na Calçada da Fama, e ainda dá seu nome ao Centro de Treinamentos do Grêmio em Eldorado do Sul. Para completar, em setembro de 2014 recebeu a maior honraria individual que o clube concede, a de Patrono, tendo sido o terceiro até hoje a receber esse título. Em sua vida pessoal e familiar, casou-se com Nina Rosa Lima Dourado, e o casal teve cinco filhos: Karin, Luiz Fernando, Helinho, Denise e Fernanda Vitória.

Já a relação do autor do livro com o homenageado decorre da convivência no ambiente do clube. Porto-alegrense, 47 anos, Mundstock é sócio do Grêmio desde 1983, o ano da conquista do Mundial. Sua família é oriunda de Candelária e de Santa Rosa. Graduado em ciências econômicas, com especialização em marketing, futebol e gestão esportiva, ajudou a organizar a festa pelos 80 anos de seu Hélio, em 2010, e passou a conviver com o para sempre presidente. Estava de tal forma convencido da necessidade de registro amplo de seu papel na história do clube que decidiu ele próprio empreender a tarefa, em seu livro de estreia.

Entrevista com o escritor Fábio Bloise Mundstock

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Gazeta do Sul – A partir de que momento tiveste contato com o presidente Dourado?

Meu primeiro contato com o presidente foi no início das negociações para um novo estádio, onde Hélio Dourado lançou uma chapa para a disputa ao Conselho Deliberativo, e foi quando comecei a frequentar as reuniões. Como pesquiso a história do Grêmio há mais de 20 anos, me aproximei do presidente para conhecer melhor os fatos. Aos poucos, a amizade foi surgindo e passei a frequentar sua casa. O período em que esteve na presidência do Grêmio era tão rico em fatos e conquistas que resolvi transformar um artigo em um livro para que o torcedor pudesse ter acesso a este fantástico período.

Que exemplos entendes que seu Hélio deixa, como pessoa e líder?

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Hélio Dourado foi um grande cidadão, querido por gremistas e também por colorados. Médico de primeira linha, gestor inigualável e, provavelmente, o maior gremista que já conheci. Deixa como exemplo a paixão pelo Grêmio e de que podemos fazer as coisas com determinação, sem pensar apenas no dinheiro. O Grêmio está em outro patamar, porque o presidente Dourado soube, como poucos, gerir um clube do tamanho do Grêmio com pulso firme e muita seriedade.

Como foi a elaboração do livro? E como ele via a Arena?

Fiz o esqueleto do livro baseado nas minhas pesquisas de jornais e revistas da época. Em seguida, me reunia com seu Hélio uma vez por semana para conhecer detalhes dos fatos e depois passei para entrevistas individuais com atletas e dirigentes. O presidente Dourado via a Arena como um novo marco para o clube. Sua maior preocupação era que o patrimônio do Grêmio, construído com muito sacrifício, fosse entregue de forma irresponsável e que abríssemos mão do estádio Olímpico por um valor inexpressivo. Creio que todo o trabalho que realizamos foi fundamental para que houvesse um novo norte nas negociações.

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