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Preocupação

Situação de rios mostra os efeitos da estiagem na região

Foto: Lula Helfer

Irregularidade na chuva mostra que a estiagem está longe de acabar

O leito do Rio Pardo, que frequentemente é paisagem de enchentes, está agora com bancos de areia expostos em diversos trechos em consequência do período de estiagem. Na ponte velha que liga a zona urbana de Rio Pardo à Várzea do Camargo, galhos de árvores se acumulam nos pilares e impedem o fluxo normal da água. Com o nível baixo, no local ficou a imagem de duas lagoas ao invés de um rio.

A proprietária de um brechó na Rua General Osório, Vera Lúcia Souza Pereira, vive nas proximidades do rio há 40 anos. Chegou a morar praticamente na barranca do Rio Pardo, mas precisou se mudar ao perder a casa de madeira em uma das enchentes. Agora, em uma pequena loja construída com tijolo e cimento, Vera observa a queda no nível do rio que tantas vezes esteve acima do normal. “Dá para ver as pedras. Dias atrás, era só um filete de água. Choveu na terça-feira, antes da virada de ano. Mas foi pouco”, afirma.

Vera Lúcia, que já sofreu com cheias, hoje vê o rio quase seco

Comerciante com 44 anos de Lavouras de milho e soja são as mais prejudicadas. Situação ainda é favorável no arroz, com a retenção da umidade nas várzeas vizinhança com o rio, José Osmar Hertz diz que a seca é normal. O dono do armazém com o nome da família revela que jogava bola no leito do rio quando era criança. “Não é de se apavorar. Em diversos anos, o rio ficou muito baixo. Não está no nível normal, mas também não está tão seco. Basta dar uma chuva boa nos próximos dias para se recuperar”, avalia. A Gazeta do Sul não conseguiu contato com o secretário de Trânsito e Serviços Essenciais, Jair Francisco da Silva Rodrigues, para falar sobre possíveis ações que seriam feitas para diminuir o acúmulo de galhos na ponte.

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Segundo Hertz, redução do nível é normal e não preocupa

O engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), afirma que a estiagem é sentida nas lavouras de soja, milho e tabaco. Ele explica que no arroz, a umidade se manteve nas várzeas, o que ainda não gerou prejuízos aos produtores no Vale do Rio Pardo. Segundo Tatsch, a última chuva com mais de 30 milímetros aconteceu em 22 de novembro. “Ainda não chega a preocupar para quem planta arroz. Mas está complicada a situação dos produtores de milho e soja. No tabaco, algumas folhas estão secas, o que interfere na qualidade e no peso.”

Baixo nível do Rio Pardinho chama atenção de moradores
É verdade que o forte calor é sentido por todos. Humanos e animais são atingidos pelas altas temperaturas. Parte vital do ecossistema terrestre, os rios também vêm sendo afetados pelo clima atual. Com mais de 100 quilômetros de extensão, o Rio Pardinho mostra sinais de escassez em seu curso d’água. Morador do distrito santa-cruzense de mesmo nome, Cesar Luis Gressler diz jamais ter visto o nível do rio no patamar em que está.

“Tenho 49 anos e vivo aqui desde que nasci. Jamais vi o nível tão baixo”, comenta Cesar, que também é um dos proprietários das Cucas Gressler. Segundo ele, o processo de assoreamento interfere na topografia do rio, impedindo-o de portar todo o seu volume hídrico. “O que chama atenção é que meses atrás, de maio até outubro, choveu tanto que sequer conseguimos fazer pasto pela umidade. Agora, de dois meses pra cá, a seca está desse jeito”, salienta. Gressler também presta serviço de inseminação artificial para a Prefeitura e diz notar a baixa no Rio Pardinho em todos os lugares pelos quais passa.

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Ele afirma ter percebido também a diminuição no fluxo de água do arroio que passa ao lado de sua casa. “Ali, nunca parava de descer a água que vem de uma vertente no morro. Dias atrás, simplesmente parou de correr.” Além da estiagem, outro fator pode estar contribuindo para a redução no nível do Rio Pardinho. “É um fato histórico que muitos agricultores puxam a água dos rios para irrigar suas lavouras. Isso também acaba influenciando no abastecimento”, diz o empresário e líder comunitário Hardi Lúcio Panke.

Sombra e água morna
Há 20 anos administrando o Balneário Passo das Pedras, em Rio Pardinho, Irineu Terres também percebe a escassez no fluxo d’água. Essa situação, no entanto, não é determinante para a queda de público no estabelecimento. “Nós, que estamos todos os dias aqui, sentimos a baixa no rio e o calor acaba fazendo a água ficar morna. Por isso, muitas pessoas vêm e preferem se refrescar na sombra, ainda que também vão na água vez ou outra”, comenta ele, que atende em torno de 500 pessoas por fim de semana no Balneário Passo das Pedras.

De acordo com Terres, a maior seca que ele viu no Pardinho aconteceu há cerca de dez anos. Ele observa que é normal a diminuição do nível durante esta época do ano. “Isso decorre da falta de chuva nesse período, é uma questão histórica.” Consultada pela Gazeta do Sul, a gerente local da Corsan, Rosângela Freitas dos Santos, afirma que o abastecimento do Lago Dourado continua normal. “Essa seca provocou mínima baixa, nada de significativo”, afirma.

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