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Carnaval de Rio Pardo

A rainha Thais chegou para desafiar os rótulos

Em Rio Pardo, o gosto pelo Carnaval acompanha Thais Severo desde a infância

Sem medo de ser feliz ou com qualquer preocupação relacionada ao tamanho do manequim, abram alas que a rainha vai passar. Thais Severo, de 23 anos, foi coroada como rainha do Carnaval de Rio Pardo na noite dessa quinta-feira, no Centro Regional de Cultura. Sempre teve vontade de concorrer e encontrou no Bloco Carnavalesco Mãos do Samba o lugar para levantar a bandeira da representatividade e do empoderamento das mulheres, sejam gordas, magras, baixas, altas e de qualquer cor. Se alguma delas têm vontade de mostrar o samba no pé na Avenida Maria da Glória, a Gogóia, não há nada neste mundo que deveria impedir.

“Amar a si mesmo é uma revolução. Independente da cor da pele, do tamanho do seu corpo, você pode sim ir em busca dos seus sonhos sem ter medo de que a sociedade lhe ponha rótulos”, defende. Thais aguarda ansiosamente os dias 22 a 25 de fevereiro, quando acontece o Carnaval de Rio Pardo e ela poderá aproveitar ao máximo o reinado. Garante que se é para descer a Gogóia, não há dor no pé que a fará deixar o samba de lado. “Tem que descer com tudo.”

Mas nem sempre foi assim. O caminho para descobrir o amor próprio e a confiança para extravasar no Carnaval sem se preocupar com o que os outros pensam veio com a própria história de vida de Thais. Criada em uma família apaixonada por Carnaval, seria estranho se ela não amasse cair na folia. “Vem de berço. Começou com o meu falecido pai, que foi diretor da ala dos passistas de uma escola muito antiga de Rio Pardo, a Black Boys. Minha mãe foi intérprete da Escola de Samba Realeza da Vila por muitos anos. Minha irmã foi Rainha do Carnaval 2018 de Rio Pardo. Com tudo isso, meu amor pelo Carnaval só aumentou”, conta.

Ao longo dos anos, ela começou a participar do bloco Mãos do Samba. Auxiliava no desenvolvimento da ala das crianças no início. Ficava mais nos bastidores, ajudando nas fantasias e na montagem dos carros alegóricos. Mas, dentro do coração dela, o desejo era de se divertir em frente à bateria. “Eu sempre fui grande. Sempre gostei muito de Carnaval e sempre tive vontade de desfilar na frente das baterias, das harmonias, de passistas. E muitas vezes fui excluída disso. Com mais idade, comecei a levar isso comigo: por quê? Por que a gente, que é grande, tem que ser excluída? Por que só as mulheres magras podem, e a gente não?”

Sempre que ela levantava esse desejo de desfilar, lembra de ouvir frases que não entendiam o sentimento dela. Todos esses acontecimentos fizeram nascer a mulher que foi coroada rainha – Thais já não tem mais receio do rótulo que a sociedade pode colocar. Agora só quer curtir a folia e ser feliz. “Não tive medo de preconceito, já tive um dia. Acredito que o preconceito nunca vai acabar, mas se eu tivesse medo, não teria conquistado esse título maravilhoso”, diz. Ela espera que, quando a corte descer a Avenida Gogóia, o público se inspire e volte para casa com uma certeza: “Gordinha pode ser uma rainha, uma princesa. Podem participar de qualquer concurso que elas queiram.”

Perfil

Thais é uma jovem cheia de amigos. Gosta de sair, dançar, tirar fotos e tem um lado mais caseira. Mas foi na balada que ela se descobriu profissionalmente. Quando tinha 18 anos, trabalhou como DJ por dois anos. Recebeu um convite e por um tempo também era segurança nas festas. Então, percebeu que gostava de trabalhar assim e deixou de lado o comando da música das baladas para priorizar a segurança já fazem três anos. “As vezes eu tocava e as vezes eu fazia a segurança. Intercalou por um tempo, então larguei como DJ e segui atuando como segurança”, explica.

Para Thais, o Carnaval é uma imensidão de coisas. Fazer parte da folia é emocionante. Ela acredita no trabalho das Escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos, que depositam muito amor para que os desfiles aconteçam. Com inclusão, representatividade e empoderamento, a festa pode se tornar ainda melhor. Por isso, Thais deixa um recado, uma mensagem com a esperança de que mais mulheres tenham a audácia de quebrar tabus e desafiar padrões já impostos. “Vamos lá mulheres, se joguem. Sem medo de represálias, vão com tudo. Eu acredito em vocês”.

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