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Economia

Indústria local já sente o impacto do coronavírus

Foto: Rodrigo Assmann

Projeção da Mor de crescer 16% nas vendas ao longo deste ano pode ser comprometida pelo risco de atraso dos importados

As dificuldades vividas pelo governo e população da China para o controle do coronavírus começam a refletir na economia local. A indústria santa-cruzense, importadora de manufaturados e matéria-prima asiática, projeta falta de produtos em razão da dificuldade dos chineses em produzir e exportar as mercadorias. Na área da exportação, a situação é acompanhada de perto por entidades e empresas que negociam com o país chinês.

Quem aproveitou o verão refrescando-se em uma piscina plástica fabricada pela Mor, de Santa Cruz do Sul, talvez nem faça ideia de que a lona utilizada na confecção do produto viajou de navio da China para o Brasil. Na indústria – que no ano passado bateu recorde de faturamento, com vendas acima de R$ 1 bilhão –, aproximadamente 30% dos produtos comercializados vêm da China, prontos ou quase finalizados.

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O diretor de comércio exterior da Mor, Caio Oziel Kohn, explica que desde a parada para o feriado de ano-novo chinês, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, parte das indústrias da China não reativou as linhas de produção. “Hoje a Mor tem 70 fornecedores no país e, em muitos deles, há uma dificuldade de colocar a mão de obra para trabalhar”, apontou Kohn.

Segundo ele, devido aos bloqueios sanitários das províncias da China, aliados ao fato de a maioria dos trabalhadores das fábricas residirem em localidades do interior, parte da planta fabril chinesa não retomou as operações. “Há uma expectativa de que no fim de março essas empresas entrem em atividade. Porém, até que essas cargas cheguem ao Brasil, podem faltar produtos”, projetou.

Além da lona da piscina, a Mor compra da China materiais para a fabricação das garrafas térmicas, um dos produtos que mais cresceram em vendas nos últimos anos. Ainda fazem parte da lista de produtos os guarda-sóis, barracas, colchões infláveis, mops e produtos de utilidade doméstica.

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“Atualmente, 30% das vendas da empresa são de produtos importados da China e, em alguns casos, não há uma substituição. Este será um ano de muitos desafios”, complementou o diretor de exportação. Entre as metas da indústria está o crescimento de 16% sobre o faturamento de 2019.

Brinquedo nacional pode ser favorecido

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Outra santa-cruzense, a Xalingo Brinquedos, também pode ser impactada pelos atrasos da produção chinesa. A empresa importa a China 15% do total de brinquedos que vende no Brasil. “No nosso caso, esses produtos já deviam ter embarcado para o Brasil, para chegarem ao País ainda no primeiro semestre do ano”, explicou o diretor da Xalingo, Flávio Haas.

Ele revelou que há dez anos a Xalingo Brinquedos comercializa itens importados junto de sua produção, feita na unidade de Santa Cruz do Sul. “Caso ocorra o atraso da entrega destes produtos, este ano poderá ser uma oportunidade de reforçar a venda dos brinquedos nacionais. O consumidor terá esta opção.” Segundo o diretor, o maior volume de vendas da indústria ocorre no segundo semestre do ano, com foco no Dia das Crianças e no Natal.

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Impacto também na área de tecnologia

O proprietário da Imply Tecnologia, Tironi Paz Ortiz, afirmou que os negócios da empresa com a Ásia não são próximos a ponto de serem prejudicados pelo isolamento sanitário da China. Mesmo assim, já houve contratempos.

“Um de nossos executivos iria participar de uma feira internacional em Dubai, que foi cancelada pela epidemia ao redor do mundo”, revelou. Segundo ele, houve todo um transtorno para o cancelamento de viagem e marcação de novas reservas de hotel, pois o evento foi remarcado para junho.

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Ortiz: feira em Dubai foi adiada para junho

Ortiz destacou que, em feiras de tecnologia mundial como essa, a Imply realiza contatos e firma parcerias futuras. De acordo com o empresário, os produtos desenvolvidos em Santa Cruz do Sul não utilizam componentes asiáticos e a empresa não tem relação comercial com países daquele continente. “Já tivemos jogos eletrônicos que foram copiados na Ásia. Por conta disso, não mantemos relação comercial com esses países, como forma de preservar a nossa tecnologia.”

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