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Pedalar é preciso

Ciclismo ganha cada vez mais adeptos em Santa Cruz do Sul

Foto: Alencar da Rosa

Deputado destaca que a prática esportiva está em crescente expansão, mas a infraestrutura e a conscientização não têm evoluído na mesma medida

Já tradicionais na paisagem urbana de Santa Cruz do Sul, ainda que muitas vezes escondidas atrás dos carros estacionados, as ciclovias e as ciclofaixas facilitam a vida de quem tem na bicicleta o seu meio de transporte, seja para o lazer ou para realizar as atividades e os deslocamentos corriqueiros do dia a dia. Atualmente com 18 quilômetros de pistas exclusivas para ciclistas, que começam no Centro e seguem em direção aos bairros Arroio Grande, Faxinal Menino Deus, Dona Carlota e Rauber, a cidade oferece, nas faixas vermelhas, uma alternativa ampla e segura para os adeptos das duas rodas. A malha cicloviária municipal está hoje entre as maiores do interior do Estado e há planos para sua ampliação num futuro próximo, seguindo uma tendência que já é mundial.

Conservação e extensão

Ao longo da semana, a reportagem da Gazeta do Sul percorreu todo o trajeto das ciclovias e das ciclofaixas de Santa Cruz do Sul, verificando suas condições de conservação e de sinalização, assim como o respeito dos motoristas e pedestres. Numa visão geral, as vias estão em bom estado, com poucos desníveis e buracos no pavimento. Já a pintura vermelha, que caracteriza a rota, aparece parcial ou totalmente apagada em alguns trechos, nada que impeça o fluxo ou ofereça maiores obstáculos aos ciclistas santa-cruzenses.

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A malha cicloviária do município começa no Centro, no início da Rua Assis Brasil, seguindo pela Avenida Paul Harris, em direção ao Bairro Arroio Grande, onde encontra seu fim em frente à sede do clube Aliança, com algumas interrupções. Já a ciclovia que percorre o Distrito Industrial está com boa sinalização vertical; entretanto, a pintura da pista está apagada em diversos pontos e existem desníveis no pavimento devido ao tráfego intenso de caminhões na área, exigindo atenção.

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Pedalando pelo continente

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Em cima da bicicleta, o professor e escritor Demétrio de Azeredo Soster (foto), 53 anos, conseguiu unir duas paixões: o ciclismo e as viagens. Cicloturista há quatro anos, ele diz que a inspiração veio da estrada. “Numa viagem de carro que fiz para o Uruguai em 2016, vi várias pessoas pedalando. Ali eu resolvi ser um deles”, conta. Em janeiro de 2017, depois de meses de preparação, Demétrio rumou para o mesmo destino: a Banda Oriental.

Partindo de Santa Cruz do Sul, ele seguiu para o extremo sul do Estado em direção ao Chuí, onde entrou no Uruguai. Já no país vizinho, partiu rumando a Montevidéu e Colônia do Sacramento, atravessando o Rio da Prata, com destino a Buenos Aires, na Argentina. Carregado com roupas, equipamentos de camping e outros objetos pessoais que somam aproximadamente 35 quilos de carga, o pedal rendeu mais de 1 mil quilômetros, um livro e um documentário.

A ideia do cicloturismo, segundo ele, é, além de conhecer destinos, também conhecer o percurso, interagir com pessoas e visitar os locais que passariam despercebidos em uma viagem de carro. Para isso, é preciso elaborar um planejamento, tanto financeiro quanto diário, tendo em mente os custos, qual a distância a ser percorrida diariamente, em qual cidade parar, onde dormir, entre outros.

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Há ainda a questão do preparo, não apenas físico para pedalar longas distâncias, mas também o preparo psicológico para enfrentar situações adversas, assim como a saudade dos familiares e amigos em viagens que duram 20 ou 30 dias. “É preciso cuidar da alimentação, do corpo como um todo e da mente, assim como entender a função que o ciclista ocupa na sociedade”. Para o futuro, após a pandemia, já existem planos. “Vou para a Colômbia ou para a Europa, ainda não decidi. Mas certamente haverá outra viagem”, garante.

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Pedal em grupo, experiência compartilhada

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Existentes em Santa Cruz do Sul há mais de 20 anos, desde uma época em que a organização era feita por telefone e por e-mail, os grupos de ciclistas hoje podem ser vistos aos montes pelas ruas e estradas do município, chamando a atenção com suas luzes piscantes e exigindo atenção por parte dos motoristas. O empresário Luiz Faccin, veterano da bicicleta e um dos organizadores desses grupos, conta que as afinidades surgem dos mais diversos ambientes. “São familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Tem até time de futebol”, relata.

Os “pedais” acontecem semanalmente, nas sextas-feiras, ao final da tarde, horário em que a maioria dos integrantes já concluiu seu horário de trabalho. Os percursos são discutidos e definidos previamente, levando em conta a aptidão física e as condições do equipamento de cada um dos participantes. “Definimos pontos de parada para que todos possam se juntar novamente. Se acontece alguma coisa, como furar um pneu, uns ajudam os outros”, explica Luiz Faccin.

A questão da segurança também é observada: para pedalar com o grupo, é preciso estar devidamente equipado com os dispositivos de proteção e respeitar as regras. “É sim, perigoso. Felizmente não temos registro de acidentes, respeitamos as leis de trânsito, andamos à direita da pista em fila indiana. Muitos ciclistas não têm essa noção, especialmente os novatos. Então, procuramos orientar”, finaliza.

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DESDE A ADOLESCÊNCIA

Em cima da bicicleta, diariamente, há mais de 20 anos, a fisioterapeuta Karine Helfer (foto), 38 anos, conta que o pedal faz parte da sua vida. “Pedalo para ir ao trabalho, para a faculdade, por satisfação pessoal e também por consciência ecológica”, destaca. Ao longo dos anos, ela viu a realidade do município se transformar, e a implantação das ciclovias facilitou muito sua rotina. Mas ainda existem problemas. “Falta conscientização dos pedestres, que utilizam a pista para caminhar, e também dos motoristas, que muitas vezes não dão a preferência e cortam a nossa frente”, observa a ciclista.

Após tantos anos, Karine conta que já passou por vários sustos, mas nunca cogitou a possibilidade de abandonar a bicicleta. “Não é uma opção. Pedalar faz parte da minha vida. Muitas vezes dá medo, então a gente redobra os cuidados e segue em frente.” Para quem pretende começar a pedalar, ela dá um conselho: “Vale a pena. Além de ser sustentável, faz bem para a saúde. O estresse vai embora”, finaliza.

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PAIXÃO DE PAI PARA FILHO

Da mesma forma que Karine, o agrônomo Flávio Goulart, 52 anos (na foto, seguido pelo filho), descobriu no ciclismo um hobby e também um estilo de vida. Atualmente morando em São Paulo, ele diz que sente saudade da época em que viveu em Santa Cruz do Sul. “Por aqui (em São Paulo), ainda não tive coragem de pedalar pela cidade. O trânsito é muito diferente”, relata. Diretor da JTI, Goulart conta que usava a bicicleta até mesmo para ir trabalhar, na sede da empresa, no Distrito Industrial.

Morador do município por 15 anos, aqui ele começou a pedalar, em 2015, e descobriu a paixão pela bicicleta, assim como as belas paisagens do interior. “Nos finais de semana, a gente reunia um grupo para rodar por aí. Santa Cruz oferece uma série de oportunidades, um meio rural belíssimo e estradas conservadas, tornando tudo muito interessante para o ciclista”, observa.

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Quanto custa

Para quem tem interesse em começar a pedalar, o mínimo de que se precisa, além da bicicleta, são capacete e luzes de sinalização. Existem diversos modelos, marcas, tamanhos e valores, mas o custo desses três itens é de aproximadamente R$ 2 mil. Existe ainda a possibilidade de adquirir equipamentos usados, com preços mais em conta.

Os direitos e os deveres do ciclista

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a bicicleta é caracterizada como um veículo de propulsão humana e possui regras específicas para transitar pelas vias urbanas e rurais. Assim como os automóveis, o ciclista deve sinalizar suas conversões por meio de gesto com o braço, bem como respeitar e dar preferência ao pedestre. O uso das ciclovias e das ciclofaixas é obrigatório quando estas estiverem disponíveis e o trânsito pelas calçadas só é permitido quando houver sinalização.

A regra de que o maior é responsável pela segurança do menor também vale para as bicicletas; ou seja, carros e caminhões devem zelar pela segurança do ciclista. Ao ultrapassar a bicicleta, o motorista deve respeitar a distância mínima de 1,50 metro. Quando desmontado, o ciclista deverá se deslocar pela calçada e passa a ser considerado pedestre, em direitos e deveres.

Ciclovia ou Ciclofaixa

Ainda que tenham a mesma finalidade, existem diferenças entre as duas. Ainda de acordo com o CTB, ciclovia é o espaço destinado às bicicletas que fica separado da pista e também da calçada, isolado de pedestres e automóveis. Já a ciclofaixa é um espaço delimitado na própria pista, juntamente com os demais veículos. Ambas podem ser de mão única ou mão dupla.

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