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Venâncio Aires

Rio Taquari transborda e desaloja moradores

Foto: Rafaelly Machado

Os moradores do 2º distritro de Vila Mariante, interior de Venâncio Aires, foram surpreendidos entre a noite de quarta-feira, 8, e a madrugada de quinta-feira, 9, pela força da água do Rio Taquari. A chuva que atingiu a região desde o início da semana fez o nível do rio subir e chegar à marca de 15 metros, quando o normal é 1,65 metro. A água invadiu casas e pontos comerciais em pelo menos nove localidades: Linha Chafariz, Mariante, Picada Mariante, Picada Nova, Linha Sertão, Travessão Mariante, Sanga Funda, Travessa Olaria e parte da várzea do Taquari Mirim. Mais de 1,5 mil residências foram atingidas. Além disso, 80 pessoas foram removidas, a maioria delas, encaminhada ao ginásio de Linha Mangueirão, onde uma estrutura com alimentos e agasalhos foi colocada à disposição.

O secretário municipal de Segurança Pública e coordenador da Defesa Civil de Venâncio Aires, Dário Martins, afirmou que em razão da rapidez na subida do nível do rio, uma força-tarefa teve de ser montada às pressas para auxiliar as famílias ilhadas. Além da defesa civil do município, um efetivo de 12 bombeiros de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul auxiliou no trabalho, que teve início por volta das 22 horas de quarta-feira e se estendeu ao longo de quinta, de forma ininterrupta. “Estamos desde segunda-feira monitorando o local. Na quarta, passamos orientando as pessoas a saírem de suas casas, mas houve muita resistência. Somente à noite, quando o rio começou a subir, é que deu o pânico”, afirmou Martins.

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Além da ERS–300, principal acesso a Vila Mariante pela RSC–287, regiões adjacentes estão com entradas bloqueadas. O único meio de transporte para as localidades é o barco. Seis veículos – quatro do Corpo de Bombeiros e dois que pertencem a voluntários – percorrem as comunidades ilhadas.“Há casas com pessoas em cima do telhado. Outras têm idosos acamados e crianças de colo com água que já bate na cintura, dentro de casa. A dificuldade é muito grande, temos muita demanda e pouco barco”, explicou Dário Martins. Durante a tarde de quinta, uma equipe da Defesa Civil do Estado sobrevoou a região de Vila Mariante para distribuir colchões, travesseiros e cobertores. Itens indispensáveis de proteção contra a Covid-19, como frascos de álcool gel, sabonete líquido e máscaras, também foram entregues.

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O grande volume de água e a correnteza impediram o acesso de moradores às localidades. Das 80 pessoas removidas de casa, a maioria foi para ginásio em Linha Mangueirão | Foto: Rafaelly Machado

Ginásio serve de abrigo
Uma estrutura montada pela Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social no ginásio de Linha Mangueirão atende 15 pessoas com refeições e agasalhos. Durante a tarde, colchões foram levados para o local em veículos da Brigada Militar e de outros órgãos.

A agricultora Rejane Heine, 51 anos, moradora da Travessa Olaria, foi uma das pessoas abrigadas no espaço. Viúva, a mulher contou que estava sozinha em casa e nada conseguiu fazer . “A água subiu muito rápido e ‘tapou’ minha casa. Perdi tudo, até meus remédios para pressão e colesterol ficaram. Saí só com a roupa do corpo.”

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Situação semelhante foi vivida pela vizinha, a dona de casa Márcia Soares, de 44 anos. Mãe de três crianças com idades de 5, 7 e 8 anos, ela chegou ao pavilhão por volta das 10 horas de quinta, tendo conseguido salvar pouca coisa dentro de casa.“Peguei umas roupas e cobertas e levantei alguns móveis, mas logo tudo já estava cheio de água.” As crianças foram levadas para a casa da enteada de Márcia. Já o marido ficou para trás para resgatar os animais.

Mãe de três crianças, Márcia Soares é uma das abrigadas no ginásio de Linha Mangueirão | Foto: Rafaelly Machado

Lajeado
A cheia do Rio Taquari provocou estragos em Lajeado. Cerca de 75 famílias foram abrigadas no Parque do Imigrante. Outros moradores que ficaram desalojados estão em casas de familiares. O número de residências atingidas ainda não foi contabilizado pela Defesa Civil. Diante da situação, o prefeito Marcelo Caumo emitiu um decreto de situação de emergência.

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Nível do Pardinho baixa e chega a 4,35 metros
O nível do Rio Pardinho, que estava em 7,38 metros na manhã de quarta-feira, começa a baixar e as famílias já retornam para casa. Por volta das 18 horas de quinta, a régua de medição instalada na Praia dos Folgados apontava 4,35 metros, como explicou o coordenador da Defesa Civil em Santa Cruz do Sul, tenente José Joaquim Barbosa. “Ele está acima do nível, que é de 45 a 90 centímetros, mas dentro do leito, não transbordou mais”, disse. Apenas em pontos mais baixos ainda há uma pequena quantidade de água empoçada.

Conforme Barbosa, se a chuva retornar nos próximos dias, há risco de uma nova enchente. “A água está descendo muito devagar, em outras ocasiões o nível já estava bem mais baixo neste momento. Então, se der uma chuva forte principalmente na cabeceira do rio, na região de Sinimbu ou Gramado Xavier, o risco de transbordar novamente é muito grande ”, afirmou.

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Procura por informações e preocupação com familiares que ficaram

É comum, após grandes volumes de chuva, o Rio Taquari transbordar e atingir pontos de Vila Mariante e imediações. No entanto, a cheia registrada nos últimos dias é considerada pelos moradores a maior em 30 anos. “É algo fora do normal. Perdemos a noção do volume de água, já que ultrapassou nossa régua adaptada para 13 metros”, disse o coordenador da Defesa Civil, Dário Martins.

Morador de Vila Mariante há pelo menos 12 anos, o marinheiro Antônio Carlos Brandão, 60 anos, que reside com a esposa e trabalha em Porto Alegre, tentava informações sobre a casa que estava em uma área ilhada. “Eu trabalho em Porto Alegre e cheguei agora à tarde. Minha esposa me ligou quarta à noite e disse que a água estava subindo. Como sempre teve enchente e logo baixava, fomos pegos de surpresa”, disse. A mulher foi resgatada pela manhã pelos bombeiros e está abrigada na casa de amigos do casal.

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Brandão buscava informações sobre a casa, que ficou em área ilhada | Foto: Rafaelly Machado

Às margens da RSC–287, próximo à entrada de Linha Sanga Funda, o torneiro mecânico Adriano Schroeder, 32 anos, verificava de longe a situação da casa do irmão e dos pais. A água já cobria boa parte das residências. “Meu irmão já saiu, mas meus pais e meu avô de 94 anos, que residem na casa dos fundos, permanecem. O pai não quer sair, prefere ficar para cuidar dos animais. Eles têm cem cabeças de gado que são mantidos em um galpão”, contou. A preocupação também era com a ex-esposa e a filha de 9 meses, que residem na Travessa Olaria, um dos locais mais atingidos. “Elas moram na parte térrea de uma casa de dois andares que ficou submersa. Ficaram os móveis, o carro e tudo para trás.” Mãe e filha também foram resgatadas de barco. “Nunca tinha visto uma enchente deste tamanho”, afirmou.

Velocidade da subida da água pegou muita gente de surpresa. Para moradores, enchente já pode ser considerada a maior dos últimos 30 anos | Foto: Leandro Osório/Prefeitura de Venâncio Aires

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