Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Cuidados médicos

As complicações e a recuperação: tratamento não para, mesmo após a cura da Covid-19

Passados pouco mais de sete meses desde que o primeiro caso do novo coronavírus foi registrado na China, ainda no final de 2019, a ciência e a medicina já avançaram significativamente, tanto no estudo do vírus quanto nos tratamentos experimentais e na compreensão dos efeitos que a doença pode causar no corpo humano.

Ainda considerada por muitas pessoas como apenas mais uma gripe ou um novo tipo de pneumonia, a Covid-19 segue surpreendendo profissionais da saúde com as complicações e sequelas que pode causar nos pacientes.

Um desses profissionais é o venâncio-airense André Luis da Rosa, enfermeiro que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o maior do Estado.

Publicidade

“Para esclarecer: não é só uma gripe ou pneumonia, é uma doença muito mais potente e de evolução muito mais rápida. O quadro evolui para pior em questão de horas”, enfatiza. Segundo ele, não só a doença, mas o próprio tratamento podem causar falência renal e necessidade de hemodiálise em alguns pacientes, mesmo nos que nunca tiveram histórico de problemas renais.

LEIA TAMBÉM: Para 21,5% dos médicos, Covid-19 causou mais mortes do que mostram estatísticas

Em relação ao avanço do quadro, André afirma que cada paciente é único, mas as complicações mais comuns percebidas em sua unidade são a tosse seca, febre, fraqueza e dificuldade para respirar, que pode evoluir para falta de ar exacerbada, gerando uma sensação de estar “afogando-se no seco”, como ele descreve.

Publicidade

O mesmo cenário é relatado pelo médico intensivista Rafael Foernges, coordenador das unidades Covid dos hospitais Santa Cruz e Ana Nery. “Em 90% dos que internam, a partir do sétimo ou oitavo dia, após a febre, começa a dor intensa no corpo e uma sensação cada vez maior de falta de ar. A maioria dos casos mais graves fica na emergência até o décimo dia e acaba na UTI”, afirma.

Os grupos mais afetados por essas complicações são os idosos, devido à capacidade pulmonar reduzida pela idade, e também os obesos. Já nos pacientes jovens e não obesos, os agravamentos, quando existem, são causados por alguma outra condição prévia.

Acerca de problemas causados pela Covid em outros órgãos, o médico afirma que são raros e normalmente provocados também por problemas já existentes. “Foram raros os casos de acidente vascular cerebral (AVC), complicações embólicas ou infarto. Tivemos duas pessoas que infartaram, mas já eram cardiopatas.”

Publicidade

LEIA MAIS
Mais de 50% dos adultos têm fator de risco para ter Covid-19 grave
Pandemia impacta vida de pessoas com diabetes no Brasil, diz pesquisa
PODCAST: a história de uma vítima e de uma sobrevivente da Covid-19

Sequelas

Quanto às complicações renais, muito mais comuns, Foernges explica que são causadas pela utilização de respirador. “A disfunção renal é decorrente da ventilação mecânica. Talvez nem tanto pela Covid em si, mas pela própria terapia. Na tentativa de salvar a vida, alteramos todo o mecanismo fisiológico do paciente, e isso acontece frequentemente na UTI. Em geral, o órgão que mais tem disfunção é o rim. Cerca de 25% dos internados críticos têm disfunção renal, muito pelas terapias que são utilizadas e pela sedação”, ressalta.

LEIA TAMBÉM: Saiba como é o tratamento de pacientes com Covid-19 em Santa Cruz

Ocorrendo a entubação e eventual lesão pulmonar, a reabilitação é mais demorada. “Quando vai para a ventilação mecânica, são cerca de duas a três semanas de UTI, e esses pacientes prolongados são os que têm a recuperação mais lenta.” Após a desentubação, a abordagem indicada é a fisioterapia respiratória, com o objetivo de recuperar plenamente a função pulmonar e reduzir, possivelmente, sequelas a longo prazo. Esse processo se estende por aproximadamente três a quatro semanas.

Publicidade

LEIA MAIS: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA SOBRE O CORONAVÍRUS

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.