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SANTA CRUZ

Com casos de Covid-19 na rede pública, professores pedem suspensão das aulas presenciais

Foto: Alencar da Rosa

Professores afirmam que ganhos ao ensino são insuficientes para justificar riscos à saúde e custos do retorno

Um grupo com cerca de 40 pessoas – entre sindicalistas, professores e servidores das redes públicas municipal e estadual e simpatizantes da causa – participou de um protesto na noite desta terça-feira, 8, em Santa Cruz do Sul. O ato iniciou em frente à Catedral São João Batista, onde aconteceram pronunciamentos, e seguiu em caminhada silenciosa pela Rua Marechal Floriano, até o Palacinho, sede da Prefeitura. Os professores carregavam faixas e cartazes com dizeres como “O ano letivo se recupera, vidas não”, “Vidas de professores e alunos importam” e “Eu luto pelo não luto”.

O movimento foi liderado pelo Sindicato dos Professores do Município de Santa Cruz do Sul (Sinprom); Cpers, que representa os professores da rede estadual; e Sindicato dos Funcionários Municipais de Santa Cruz (Sinfum) – que representa monitoras da educação infantil e serventes de escolas municipais.


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Presidente do Simprom, o professor Plácio Simianer afirma que a manifestação pede a suspensão das aulas presenciais em Santa Cruz do Sul. Segundo ele, há muitos casos de Covid-19 entre professores e servidores da rede de ensino. “Nós não entendemos a atitude dos nossos gestores que, apesar de verem os números aumentando a cada dia de profissionais infectados, doentes, na nossa Educação, dentro das escolas, mesmo assim continuam irredutíveis em relação às aulas presenciais”.

Plácio Simianer: novos casos surgem a cada dia


Os sindicalistas afirmam que estiveram reunidos ainda em novembro com representantes da administração municipal, pedindo que as atividades de ensino sigam apenas de forma remota pelo menos até o fim deste ano letivo, mas não tiveram a demanda atendida. Simianer ainda argumenta que a adesão às aulas presenciais, entre os alunos, foi muito baixa para justificar o esforço e o risco inerentes à retomada. “São pouquíssimos alunos que retornaram e os custos desse retorno são elevados. No transporte escolar, tem ônibus correndo por aí, no interior, para transportar um ou dois alunos”, afirmou o presidente do Simprom.


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Uma professora, que leciona em turmas do Ensino Fundamental anos iniciais na rede pública municipal e preferiu não se identificar, por medo de represálias, reforça o discurso do sindicato. Segundo ela, a grande maioria dos estudantes segue recebendo atividades para desenvolver em casa e os poucos que frequentam as salas de aula demonstram desconforto com os protocolos preventivos, pedindo frequentemente para retirar a máscara de proteção, por exemplo.

“Alguns alunos desistiram de vir. Pais relatam que eles choram para não ir à escola nesta circunstância”, contou a docente, que acrescenta que os professores acabam tendo trabalho dobrado, porque precisam continuar atendendo os estudantes que fazem as atividades de casa, além de preparar aulas para os poucos que retornaram ao modelo presencial.

Manifestantes procuraram manter certo distanciamento durante o ato e todos usavam máscaras


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A alegação de que o ensino remoto dá tanto ou mais trabalho para os professores do que o ensino presencial foi apresentada também, durante a manifestação, pela diretora do 18º núcleo do Cpers, Cira Kaufmann. “Não vamos permitir nunca que digam que nosso movimento é porque não queremos trabalhar”, afirmou, ao argumentar que os professores seguiram trabalhando muito, mesmo quando os alunos não haviam retornado às escolas.

Cira Kaufmann: professores trabalham, mesmo quando aulas não são presenciais

Falta de transparência nos dados também é criticada

O presidente do Sindicato dos Professores Municipais afirma que sabe apenas informalmente sobre os casos de Covid-19 entre professores e servidores das escolas, com base na troca de informações entre os próprios trabalhadores. Os números já foram solicitados à administração pública municipal, mas não foram informados. “Sinal de que nem eles próprios estão muito a par da realidade dos números ou não dão a resposta para esconder da comunidade a realidade, que é crítica”, analisou Plácio Simianer.

Representando do Sinfum no evento, o tesoureiro da entidade, Alexandre Paulus, concorda que falta transparência na divulgação dos dados. Segundo ele, pelas informações extraoficiais de que o sindicato dispõe, a Educação é o setor do serviço público municipal com mais casos de infecção pelo novo coronavírus, mas há situações isoladas em outros departamentos.

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Paulus acrescenta que, no caso das monitoras da educação infantil, representadas pelo Sinfum, não há possibilidade de distanciamento com os alunos pequenos, que elas precisam auxiliar até mesmo em questões de higiene. “Enquanto não tem a vacina, não sei por que abriram as escolas”, opinou.

Alexandre Paulus: falta informação aos sindicatos


A reportagem do Portal Gaz pediu posicionamento da Secretaria Municipal da Saúde sobre as reivindicações dos servidores da área e de seus representantes, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

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