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Direto da redação

Ágatha vai à escola

Nossa caçula, Ágatha, estava completando uma semana desde seu primeiro dia na escola quando me surpreendeu com uma curiosa pergunta.

– Pai, estou mesmo indo à escola?

– Claro, filha – titubeei. – Não lembras que o pai te deixa todo o dia na porta do prezinho? Que tu brincas com as coleguinhas?  

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– Lembro… mas queria só ver se não era coisa da minha imaginação…

Aos 5 anos, Ágatha já desconfia de suas memórias. Muito estranho? Talvez, mas tenho uma teoria: Ágatha já foi contaminada pelo espírito cético e pessimista que guia a maioria de nós.

Há meses que ela sonhava com o início das aulas, com as orientações da prô, com os trabalhinhos e as novas amizades. Porém, quando tudo isso se concretizou, pareceu bom demais para ser verdade. Que atire a primeira pedra quem nunca foi assaltado por um mau pressentimento, um frio desconfortável na espinha, ao comemorar uma grande conquista; quem jamais abandonou uma meta ousada por não se considerar merecedor de resultados extraordinários. 

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Poderia gastar o resto da coluna divagando sobre o quanto o pessimismo, o ceticismo e a descrença em nós mesmos entravam nossas vidas. Mas leitores me pediram para filosofar menos e contar mais traquinagens da Ágatha.

rincipalmente depois da minha última coluna, quando ocupei 90% do espaço falando de Platão e Aristóteles, deixando a caçula lá para o finalzinho. Quase apanhei.

Aliás, é possível que tudo o que escrevi acima não tenha sentido e que Ágatha não seja uma pessimista, mas uma criança tão criativa que desconfia de sua própria inventividade. É o que sugere a existência – ou, talvez, a inexistência – de uma amiga invisível que sempre a acompanha, inclusive, na escola. Nós, adultos, não vemos essa amiga, nem as irmãs e o irmão da caçula. Só ela.

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– Ágatha, está falando sozinha?

– Não, pai. Estou brincando com minha amiga invisível.

Essa amiga, curiosamente, também se chama Ágatha. Ela entra em cena naqueles momentos em que as irmãs estão ocupadas – ou emburradas – demais para brincar com a mais nova. Intrometida, a invisível chega a invadir a privacidade da amiga. Dias atrás, Ágatha (a verdadeira) teve que expulsar a xará do banheiro aos gritos:

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– Me deixe ao menos fazer xixi em paz!

Que figura essa nossa Ágatha. Que felicidade vê-la alegrando a casa com suas tiradas ou correndo de um lado para outro com os irmãos. Tanto que, as vezes, até me pergunto se isso tudo não é coisa da minha imaginação… 

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