Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Direto da redação

Os planos de Ágatha para o futuro

Não haverá escapatória. Terei mesmo de dar um jeito de erguer um estábulo no quintal. Nossa caçula mantém a ideia de, em um futuro bem próximo, tornar-se uma cavalgueira – ou cavaleira, na linguagem dos adultos. Ágatha planeja fazer disso uma profissão, conduzindo rebanhos de gado pelos campos, sob o sol ou sob a chuva, quebrando geada nas manhãs de inverno ou abrigada, sob o chapéu, dos mormaços do verão. Creio que já escrevi sobre isso em outras ocasiões.

Mas não é tudo. Nas horas vagas, Ágatha pretende desenvolver outra atividade, essa sem tantos rigores.

– Vou viajar para diferentes parques aquáticos e filmá-los. Fazer imagens das piscinas e toboáguas, para as outras pessoas verem como são – explicou, dia desses.

Publicidade

– E vais de cavalo? – questionei.

– Ahhhh, pai. Por acaso já viu um cavalo em um avião? Nem cabe dentro. O coitado teria que viajar sobre o teto, e poderia até cair lá de cima.

Só então entendi que a ideia é conhecer parques aquáticos do mundo todo. Ingênuo, eu tinha em mente apenas os balneários mais próximos, em Venâncio ou Passo do Sobrado. Então me preocupei com o aspecto financeiro da empreitada. Perguntei como ela pretendia pagar tantas passagens aéreas, mas Ágatha deu de ombros.

Publicidade

– Na hora eu vejo.

– Mas e o cavalo? – quis saber a Patrícia. – Quem vai cuidar dele durante as tuas viagens?

A resposta saiu sem Ágatha sequer pestanejar.

Publicidade

– Ora, vocês.

l l l

Desculpe, pessoal. Creio que muitos, já fartos de minhas divagações, só leem as colunas que assino por conta da graça dos causos da Ágatha. Mas não há como contar esse episódio aqui sem terminar com uma reflexão. Parece-me impossível ouvir os planos de futuro da Ágatha sem lembrar dos apontamentos de Gaston Bachelard, filósofo do devaneio, do onírico e da poesia.

Publicidade

Bachelard nos mostra o quanto nossos sonhos gravitam em torno de um imaginário que remete à felicidade da infância. A imaginação, diz ele, é uma força que impulsiona o homem a mudar o mundo, a construir o futuro. Porém, tem raízes também no sentimento de nostalgia da infância, na saudade dessa época de brincadeiras e despreocupações, da vida bem mais simples e feliz, da qual nos privamos na fase adulta. Quem nunca sonhou em voltar a ser criança? Em parte, o que nos move em nossas batalhas diárias é o sonho de reconquistar a tranquilidade e a felicidade de quando éramos pequenos.

Quanto a mim, sonho em acompanhar Ágatha, vez que outra, em suas aventuras. Nem tanto nas longas marchas a cavalo, no frio das alvoradas de inverno. Já para documentar os parques aquáticos ao redor do mundo, sou parceiro.  

LEIA TAMBÉM: Ágatha nos deu um susto

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.