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O que deu no Rio Grande?

O Brasil vive período de recessão, mas o impacto da crise definitivamente não é igual para todos. Não apenas alguns setores estão melhor aparelhados para suportar os contratempos; entre as unidades da Federação, a realidade também é díspar. Os gaúchos, infelizmente, estão submetidos a cenário bem mais nebuloso ou turbulento do que o de outras regiões, porque a situação econômica específica do Estado é caótica.

Na semana passada, em compromisso profissional na área cafeeira da Bahia, uma vez mais pude testemunhar o quanto outras áreas do País têm conseguido driblar o baixo astral na economia e seguem fazendo investimentos fortes. Se há crise também na Bahia, por que isso não transparece no ânimo das pessoas? E não é diferente em outros estados, como Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Apoiados em especial no agronegócio, que garante receita com as exportações, melhoram a infraestrutura em quase todas as áreas.

No Rio Grande do Sul, tudo nos últimos anos se transformou em drama. A má conservação das rodovias deixa o cidadão deprimido só no esforço de se deslocar de uma cidade para outra ou no empenho de escoar suas riquezas. Até o que era para dar alento ao Estado (a produção de alimentos, matérias-primas, bens e serviços) vem acompanhado de dor de cabeça. E as rodovias são só um elemento. O fato é que ainda é preciso pagar (cada vez mais) por esse dissabor, em forma de impostos que só aumentam, de pedágios e, claro, de estratégias de toda ordem, como pardais e radares perdidos até no meio do matagal.

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Onde ficou a proatividade da máquina pública? Ou o Estado agora só existe unicamente para pagar o funcionalismo? Se assim fosse, obviamente não precisaria existir, pois livrava o cidadão desse ônus. E não apenas o aparelho público emperrou no Rio Grande do Sul. Não dá mesmo a impressão de que vivemos numa sociedade birrenta, que faz beicinho e reclama de tudo e de todos, e em geral se diz perseguida, desprezada e desprestigiada? Onde foi parar o propalado senso de comprometimento e de ética do gaúcho?

Depreende-se que o descalabro financeiro não tem volta quando se sabe que os servidores inativos já são maioria no Executivo, isso sem contar os pensionistas. Não bastando, tem-se a clara impressão de que tudo o que importa é manter privilégios, mesmo que o Estado acabe indo à bancarrota, como um Titanic. Em que lugar do mundo uma estrutura dessas poderia subsistir?

Talvez então se entenda por que há tantos gaúchos espalhados por outros estados. Parece até que se tornaram os retirantes do século 21. Aos milhares, vão tentar a vida longe daqui. Por mais que amem a terra onde nasceram (ou por isso mesmo), buscam dias melhores em outras regiões. Com seu dinamismo e com sua energia, ajudam localidades e estados a trilhar o progresso. Na Bahia, uma pergunta foi recorrente: “Como o Rio Grande do Sul foi parar nessa situação?” E como responder? Eis nossa urgente lição de casa. Cabe a nós, todos juntos, encontrar o quanto antes a solução, se desejamos manter as próximas gerações (as daqui e as de outros lugares) dispostas a apostar nessa terra.

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