Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Estação Amanhã

O homem-tudo

O Vale do Rio Pardo já legou importantes nomes às artes e à cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil. Foi assim no passado e segue sendo nos dias atuais. Na literatura, bastaria mencionar os santa-cruzenses Lya Luft (que, aliás, completará 80 anos em 2018 e mereceria, desde já, entusiástica movimentação de sua terra para comemoração em alto nível), Valesca de Assis, autora do impagável A valsa da medusa; e Mauro Klafke, grande nome da poesia no centro do Estado.

Mas há um expoente que, em visada macro, impõe-se no horizonte brasileiro e internacional. Bem menos lembrado do que deveria, foi, no entanto, artista e cidadão de tamanha envergadura que só ler as ocupações centrais de sua biografia deixa a gente sem fôlego. E tomado de imenso respeito. 

Refiro-me ao escritor, poeta, jornalista, político, pintor, historiador, crítico de arte, professor, orador, caricaturista, arquiteto, diplomata (a lista não acaba aí, não por acaso era chamado de “homem-tudo”) Manuel José de Araújo Porto Alegre (ao lado). Muitos talvez lembrariam dele caso se referisse seu título nobiliárquico, Barão de Santo Ângelo, que recebeu em 1874 do imperador Dom Pedro II. 

Publicidade

Pois Manuel de Araújo nasceu em Rio Pardo, em 1806, sendo muito certamente o mais expressivo nome das artes e da cultura na região. Falecido em Lisboa, em 1879, aos 73 anos, teve seus restos mortais transferidos ao Brasil somente em 1922. Hoje, encontram-se no Cemitério Municipal de sua cidade natal, que o homenageou com a criação do Museu Histórico Barão de Santo Ângelo.

Seria muito pertinente que se voltasse a estudar e a dimensionar o papel de Manuel de Araújo Porto Alegre nas escolas e nas universidades. Não apenas por sua produção literária ou jornalística, contextualizada no seu tempo, como não poderia deixar de ser – a primeira grande geração romântica no Brasil, chamada de nacionalista ou indianista. Mas só por isso ele já valeria um curso. 

E que momento! Falamos de uma nação que acabava de alcançar a independência, em 1822, e de uma capital, o Rio de Janeiro, que hospeda a família imperial, da qual o ilustre rio-pardense foi íntimo. De dom Pedro II foi muito próximo. Dialogou com expoentes como o português Almeida Garrett, o pintor francês Jean Baptiste Debret, o romancista Joaquim Manoel de Macedo e o poeta Gonçalves de Magalhães, dentre tantos outros. Viajou pela Europa, onde ainda cumpriu carreira diplomática a partir de 1857, e foi amigo de ninguém menos que o pedagogo francês Allan Kardec, o renomado criador do espiritismo. 

Publicidade

Essas e muitas facetas só conformam um ser humano ímpar, um desses indivíduos cuja vida e cuja obra se impuseram na história nacional.

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.