Iniciativa da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, efetivada ontem à noite, presta justíssima homenagem, digna de ser aplaudida com entusiasmo, a um dos maiores nomes do jornalismo no Rio Grande do Sul. Impossível não reconhecer, na condição de profissional da área da comunicação, o papel desempenhado ao longo de quatro décadas por Romeu Inácio Neumann. Por uma questão de respeito e de coerência, nenhum outro tema hoje poderia se impor nesta coluna com mais pertinência do que a distinção feita a este formidável líder. Por isso, que se publique em letras garrafais, como se dizia: Romeu Inácio Neumann, Cidadão Honorário de Santa Cruz do Sul!

Sua importância panorâmica na história das comunicações no Estado é facilmente mensurável. A edição da Gazeta do Sul que os leitores receberam, em todos os recantos, desde 1978 tem a marca de seu Romeu. Ingressou como repórter, mas logo passou a desempenhar funções de edição, até se tornar diretor-secretário em setembro de 1986, cargo que ocupou por 25 anos. Entre 2011 e março de 2016 foi diretor de Conteúdo do grupo, para então passar a integrar o Conselho Consultivo. 

Todos os que, a meu exemplo, já trabalharam com seu Romeu, e estiveram em sua equipe, compreenderão por que não me seria possível, hoje, ocupar-me de outro assunto, por uma questão de respeito, reconhecimento e profunda admiração, e por seu legado humano, profissional e ético. Sei que minhas palavras seriam subscritas por centenas, milhares, a ele igualmente devedores de lições de jornalismo. E de vida. De profunda honestidade e autenticidade. 

Tive (e tenho) o absoluto privilégio de conviver com esse mestre desde 1988. Sou jornalista, pura e simplesmente, porque seu Romeu um dia apostou num garoto franzino de 17 anos que, desajeitado, se apresentou diante dele, na Gazeta do Sul. Admitido, num “teste”, vi-me junto de turma inesquecível: Benno Bernardo Kist, José Augusto Borowski, Adriano Nagel, Júlio Verardi, Ari Resch, Derli Gonçalves, Irineu Gapinski, Flávio Costa, Inor Assmann, César Barros, Luiz Henrique Kuhn, Max Montiel Severo, tantos. 

Lá se vão 30 anos. Neste período, conviver com o Romeu, o agora ilustre Cidadão Honorário de Santa Cruz do Sul, foi uma dádiva do destino. Esta vida jamais teria sido tão rica e tão humana sem ele. O Romeu não é apenas um jornalista. É um modelo de postura ética, amizade, caráter e respeito por todos. Romeu fez do jornalismo sua via de realização. 

E soube conciliar responsabilidades com seu forte senso família, ao lado da esposa Marli, e dos filhos Anna, César e Fernando, sem dúvida cientes da nobreza do pai. Aliás, se a filosofia de Romeu no fazer jornalístico é irretocável, talvez fosse pertinente ao leitor saber que ele é apaixonado pelo contato com a natureza, compondo paisagens como quem molda um texto, ou um poema. 

Com Romeu, nunca houve desafio não realizado. Com tal esforço, ao lado de seu André Luís Jungblut, Jones Alei da Silva, Raul Dreyer, Paulo Roberto Treib e Flávio Falleiro, a Gazeta projetou-se para o Brasil e para o mundo. E isso não é pouco. Juntos, assinam essa história, e Romeu sempre soube fazer sua comunidade ser reconhecida. Eis que agora sua comunidade retribui, ao enaltecer a sua trajetória pessoal.