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Havia livros na bagagem

O dia de hoje, 25 de julho, foi instituído como feriado em muitas localidades que surgiram a partir da imigração alemã no Brasil, caso de Santa Cruz do Sul. A comemoração remete à data da chegada dos primeiros colonizadores, em 1824, à região na qual se localiza a atual cidade de São Leopoldo. Nos anos e décadas seguintes, milhares de pessoas deixaram sua terra natal e enfrentaram a longa viagem rumo ao desconhecido extremo sul do continente americano. A exemplo do que protagonizaram os alemães, outras etnias, pelas mais diversas razões, partiram (e ainda partem) pelo mundo em busca de oportunidades de subsistência. 

Em Santa Cruz, para cuja área os primeiros colonos chegaram em 1849, marcas identitárias são salientadas. Ainda que o município ao longo dos anos tenha assumido ares cada vez mais cosmopolitas, como deve ser, em função da riqueza da troca de experiências entre todos os povos, muitas das prioridades germânicas costumam ser mencionadas. Uma delas é o valor atribuído à educação. Em quase todas as localidades de colonização alemã original, uma das primeiras iniciativas foi a construção de uma escola, e em seguida a indicação de uma pessoa com maior domínio de conhecimento e papel de liderança para ser o professor. Em muitos casos, esses mestres eram convidados ou contratados de fora, convencidos a vir inclusive da Alemanha.

Com isso, a educação básica para os filhos dos imigrantes era assegurada pelas famílias, que se cotizavam na construção de uma ainda que precária escola, na manutenção dessa estrutura e na remuneração do professor, e assim se garantia a permanência da língua. Uma vez que foram alfabetizados em alemão e eram falantes dessa língua, os colonos se defrontaram não só com um ambiente inóspito, marcado pelo isolamento em relação a outros centros, mas também com a dificuldade de comunicação. A escola e a educação em língua alemã constituíram, portanto, estratégia de perpetuação da cultura. Não por acaso, a língua alemã segue tão presente e é tão praticada em tantas localidades, ainda que tenha assumido o caráter de dialeto.

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Mas há outro aspecto atinente à imigração. Surpreende-me que esse fato tenha sido tão ignorado pelas gerações seguintes, os netos, bisnetos ou tataranetos. Na bagagem, por vezes numa única mala, os imigrantes acomodaram algumas peças de roupa, os itens de higiene, fotografias e… livros! Foram raros os alemães que não trouxeram livros consigo, quase como recursos de primeira necessidade. Alguns desses livros, como se sabe, foram sendo legados de geração em geração, e até passaram a constituir sólidas  bibliotecas. Por que, diante de tantas adversidades, teriam os que partiram para a longa viagem carregado livros consigo? Bem, quem costuma ter na leitura um hábito, e quem fixa aprendizagem e conhecimento como prioridade para a vida, certamente sabe por que, e inclusive os entende muito bem. Eis algo que pode (e deve) merecer alguma reflexão neste dia, que homenageia justamente os imigrantes.

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