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Direto da redação

Um coração de ouro

Seu Hélio Volkmer Dourado, que a comunidade de Santa Cruz do Sul, sua cidade natal; a sociedade gaúcha e brasileira e, naturalmente, a imensa nação formada pelos torcedores do Grêmio vieram a perder ontem, era indiscutivelmente uma de minhas grandes referências em relação a esse clube. Da infância e da adolescência, que é quando se forma o vínculo quase indissolúvel de uma pessoa com seu time do coração, dois nomes se salientam. O de Renato Portaluppi, e nem é preciso explicar por quê. E o de seu Hélio Dourado. Para os mais novos, cumpre explicar.

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ex-presidente do Grêmio

Seu Hélio foi presidente do Grêmio por seis gestões consecutivas, entre 1975 e 1981. Foi a época em que o clube deixou de ser coadjuvante e alçou definitivos voos para o mundo. Em 1977, depois de oito anos vendo o Internacional sagrar-se campeão, o Grêmio voltava a conquistar o Campeonato Gaúcho. No interior de Agudo, eu ingressava na primeira série do primário. Como gremista, comemorava meu primeiro título (com o gol de André Catimba, cujo salto na comemoração igualmente fica na memória). Hélio Dourado era, como presidente, o nome que todos saudavam.

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Não acabava aí. Quatro anos depois, em pleno Morumbi, Baltazar acerta um petardo no ângulo e o Grêmio conquista o primeiro título brasileiro, novamente sob a batuta de Dourado, em seu último ano na gestão. Com isso, o Grêmio ingressava na Libertadores, e essa já passa a ser outra gloriosa história, a partir de 1983, quando a América se torna pequena para o clube, que vai a Tóquio firmar-se no panteão dos campeões mundiais.

Seu Hélio é um dos grandes cidadãos santa-cruzenses, e como tal sempre será lembrado. Nascido em 20 de março de 1930, acabou tendo sua vida vinculada a Porto Alegre. A mãe, Dagmar (Volkmer de solteira), mudou-se para a Capital, sua cidade natal, quando o pai de seu Hélio, o professor Luiz Dourado, faleceu, em 1935. E em 1940, quando ele tinha 10 anos, o presente de aniversário foi uma surpresa preparada pela mãe: uma carteira de sócio do Grêmio. A partir de então, foram 77 anos de forma ininterrupta como sócio do clube.

Em 2015, tive o privilégio de partilhar bons momentos na companhia de seu Hélio. Ele fora escolhido para ser o Destaque Especial naquele ano da edição do Baile dos Destaques. Amava a sua terra natal a ponto de lhe virem lágrimas aos olhos quando mencionava alguma memória.

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Agora seu Hélio partiu. Mas seus feitos à frente do Grêmio e a memória de sua liderança e de sua energia realizadora e inspiradora permanecerão para sempre. Se o sobrenome de seu Hélio era dourado, quase como uma espécie de simbologia para o que ele próprio proporcionou ao Grêmio, seu coração era de ouro.

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