Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Estação amanhã

Se fomos mesmo educados

 O Brasil sinaliza estar saindo da recessão. Pena que a suposta volta por cima na economia não esteja vindo acompanhada de mudança de rota na política, onde muito provavelmente esteve a própria causa do descalabro nas finanças públicas. Justamente pelo fato de os leves sinais positivos na economia não trazerem alento na política é que a sociedade precisa, mais do que nunca, abrir o olho, precaver-se. O que parece ter passado não só pode não ter passado como pode voltar mais forte ainda. 

Isso vale em especial para os gaúchos. Diante do clima de insegurança e de pesar que se impõe em todas as áreas (serviços públicos, desemprego, aumento do custo de vida e dos impostos, violência), nada mais natural que as pessoas não estejam felizes. Felicidade nem combina com o Brasil desses últimos dez anos. Tirando a alegria fake, para usar um termo de amplo uso na internet, da Copa do Mundo e das Olimpíadas, pouca coisa restou a comemorar na longa recessão.

Nas ruas, pode-se sentir que os gaúchos andam por demais… irritados. Tudo parece ter se revestido de grenalização. E quando os parâmetros adotados em qualquer discussão ou debate são passionais, nada de bom pode surgir. Tudo tende a descambar para bate-boca, agressão verbal (quando a agressão não vira física), desfaçatez e negação radical de aceitar ou sequer ouvir opiniões, argumentos, ponderações. Aliás, ponderar é algo que parece ter sumido do horizonte. Não vivemos mesmo numa guerra? Quase 3,7 mil pessoas foram assassinadas na região metropolitana desde 2011. É uma tragédia. 

Publicidade

Dizer que o Estado está quebrado é chover no molhado. De onde tirar esperança em dias melhores? Afinal, queremos acreditar na realização de sonhos. A começar pelos jovens que hoje frequentam escolas. Eles têm esse direito, que não lhes pode ser negado. De onde tirar energia? O primeiro (se não único) caminho talvez seja esse: a educação. Se algo diferenciou o Rio Grande ao longo de décadas foi a educação. Foi ser educado. 

Hoje se anda pelas ruas de Porto Alegre e fica-se apavorado. As pessoas estão estúpidas, agressivas, irritadiças. Atropelam a tudo e a todos. Dão passadas raivosas, cenho franzido. Gentileza é algo que está em falta. E, obviamente, já não enxergam as centenas de indigentes dormindo pelas calçadas em colchões ou mantas rotos. Que o Rio Grande não vai nada bem fica óbvio. Milhares de pessoas vivem ao relento, o olhar perdido e a mão estendida a qualquer coisa. E milhares atropelam, pisam, empurram, querem chegar antes. Chegar aonde? E antes de quê? Precisamos todos voltar a enxergar, a ter noção do que nos cerca e do que compete fazer. 

Há um Estado claudicante, pedindo esmola, exatamente como esses que se espalham por todo canto. O indigente virou o Rio Grande. E precisamos de vez por todas enfrentar a verdade. Está na hora de diminuir o passo, parar e ponderar sobre como podemos, juntos, cada um, devolver-lhe a autoestima. O que nos diferenciou, enquanto gaúchos, ao longo das décadas foi a união, não a desunião. Foi a ética, não a falta dela. Foi a educação, não a falta dela. Se fomos e somos educados, que tratemos de mostrá-lo na prática, aí fora, nas ruas.

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.