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Infância persistente

O cenário político por vezes sinaliza ser guiado por uma espécie de comportamento infantil, que em nada ajuda na solução de problemas e na união de forças. Infraestrutura, educação, saúde, subsistência, esses conceitos parecem nada dizer a pretensos candidatos a cargos públicos, pois pouco dizem e pouco parecem saber a respeito – sendo que é a única coisa que deles se esperaria.

Enquanto pretendentes a votos nas eleições atropelam-se em busca do convencimento dos eleitores, dos quais se esquecem tão logo conseguiram (ou não) se eleger, a sociedade como um todo também não deixa de fazer papel digno de constrangimento. Entra ano, sai ano, e o povo não parece se dividir, de forma algo infantil, em dois grupos? Os de direita e os de esquerda, e nem importa a ordem, de tal forma ambos os lados se confundem e merecem.

Como crianças birrentas que se tratam aos empurrões e aos beliscões, tão logo chamados à verdade começam a lamuriar: “Ele que começou! Eu não fiz nada! A culpa é dele!” Sempre o outro. Ainda em atitude imatura, cada um dos lados não está interessado em assumir responsabilidade por eventual transtorno, por colocar mãos à obra para ajudar a arrumar e limpar o quarto – que dirá então o pátio, coisa situada mais fora da responsabilidade deles.

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Os de esquerda parecem clamar por um paizão que distribua mimos e, sim, pague a conta – ao menos a deles, porque nunca há grana para pagar a conta de todos. E os de direita como agem? Imploram por alguém com mão firme, que venha de relho e ponha ordem na casa (dos outros), e que também se ocupe de subsidiar vida boa e tranquila, em que pouco precise ser feito. Uns e outros tudo o que querem é sempre um salvador da Pátria. “Alguém tem de resolver!” E, no entanto, claro está, em sociedade digna desse nome, cumpre a cada um mobilizar-se a fim de tratar de fazer, de ajudar a fazer. Buscar a autonomia, a independência em relação a pais, líderes, ídolos, salvadores da Pátria. Esses nunca são a solução. Costumam ser justamente a causa maior do problema.

Na ordem das coisas, depois da infância vem a adolescência, mas parece que a essa o Brasil não chegou. Nessa fase, é comum que adolescentes reajam de forma crítica em relação a pais e a tudo o que represente poder ou autoridade. Seria o momento em que a esquerda questionaria supostos líderes, deixando de endeusar alguns, e a direita refletiria sobre o que significa mão pesada, e pesada para quem. Estamos longe dessa fase.

E só depois, bem depois, vem a idade adulta, que é quando se consegue fazer a síntese, o que só maturidade, sabedoria e humildade podem propiciar. Nessa hora, esquerdas e direitas, gordos e magros, altos e baixos, homens e mulheres descobrem que não é na diferença, no enfrentamento, na birra ou na exclusão que se encontra estabilidade, plenitude e algo como a felicidade. Isso advém da união equilibrada de todos os ingredientes, que só devidamente misturados podem fazer alguma sociedade crescer.

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