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Romeu Neumann

Um abrigo para a Verdade

Conta-se (não sei quem é o autor, mas peço licença para reproduzir este pequeno texto) que certo dia “a Mentira disse à Verdade: Vamos tomar um banho juntas! A água do poço é muito bonita.

A Verdade, mesmo desconfiada, experimentou a água. Descobriu que ela realmente era bonita. Então elas se despiram e tomaram banho.

De repente, a Mentira saiu da água e fugiu, usando as roupas da Verdade que, furiosa, correu para recuperar suas vestes. Mas o mundo, vendo a Verdade nua, desviou o olhar com raiva e desprezo. A pobre Verdade voltou ao poço e desapareceu, escondendo sua vergonha.

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Desde então, a Mentira gira pelo mundo vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade. Porque o mundo não alimenta nenhum desejo de ver a Verdade nua.”

Instigante. Como seria a Verdade nua? E se nos deparássemos com ela?

Ouço à exaustão que o tratamento precoce e logo após os primeiros sintomas da Covid- 19 não tem eficácia. Que os medicamentos prescritos por médicos (e são muitos!) à revelia dos protocolos da Organização Mundial da Saúde são ineficazes e até perigosos.

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Em contrapartida, vemos emergências e UTIs abarrotadas, com filas de espera por uma vaga. Profissionais da linha de frente de combate à pandemia exaustos. E os óbitos se multiplicando assustadoramente.

Sobre medicina – e as especialidades que nos oferece – nem ouso opinar. Mas vejo este contexto sob outra ótica: a lógica que rege nossa condição humana, a lei natural da vida.

Todos sabemos, existe uma distância galáctica entre o mundo ideal e desejável e o mundo real e possível. Por analogia, vou me valer do prestígio e do reconhecimento a uma instituição que está acima de quaisquer diferenças e preferências: os Bombeiros. São profissionais treinados, habilitados para socorrer, resgatar e salvar pessoas, combater ameaças à vida e ao patrimônio. Ninguém haverá de lhes tirar esta prerrogativa.

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De repente, acontece o imprevisível: você está no seu trabalho ou lazer e um vizinho liga atordoado dizendo que sua casa está em chamas. O que vai fazer? Acionar os Bombeiros, óbvio, e correr para defender sua família e seu patrimônio.

E se der o azar de os Bombeiros estarem atendendo a uma outra ocorrência, que demanda toda a sua capacidade de socorro devido ao alto risco – produtos inflamáveis, iminente explosão, etc. Apesar do seu desespero, sabe que não abandonarão a operação em andamento para lhe socorrer.

Vai esperar que o fogo consuma sua casa com algum ente querido, abrigo da sua família, sonho de uma vida, ou vai à luta, com baldes de água, mangueiras de jardim, extintores, tudo o que estiver ao seu alcance, para tentar salvar o que puder do seu lar? Pelo menos até que os Bombeiros puderem chegar. Se não for tarde.

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Não por culpa dos Bombeiros, já exaustos, no limite de suas forças. Mas porque você não teve iniciativa e nem coragem para abrir uma torneira. Porque é contra o manual. Fique claro: em nenhuma das circunstâncias se trata de diminuir e muito menos substituir os Bombeiros. Apenas auxiliá-los.

Pois penso que a mesma lógica se aplica no contexto desta pandemia. Prevenção é fundamental para evitar sinistros, assim como a vacina será determinante para nos imunizar contra o vírus. Mas se precisar, e enquanto não formos imunizados e não pudermos ser atendidos por um especialista, o que vamos fazer? Tomar chás, xaropes, antivirais, antitérmicos, vitaminas, seja o que for. Com a chancela de protocolos ou não. É da natureza humana, o instinto da sobrevivência.

Na defesa da vida não pode prevalecer a lógica da exclusão. A vida – frágil e efêmera – se alimenta de esperança e de fé: em nossa determinação em resistir, na capacidade da ciência, e em fazer o que estiver em nossas mãos e em Deus.

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Quem sabe, dentre tantos protocolos, vamos oferecer um abrigo para que a Verdade nua e crua possa estar entre nós. Estamos precisando.

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