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Conversa Sentada

Chuva é “mau tempo?”

“Quando a chuva finalmente vem é alívio, como expresso por Luiz Marenco: “O tempo desaba, o mundo se adoça/ Na água que empoça, mais mansa ou mais braba/ A seca se acaba, e tudo remoça”

Desculpa, meu leitor, minha amiga leitora: os urbanos estão quase que completamente divorciados do que ocorre nas lavouras e no campo. Choros e ranger de dentes quando chove. Sol, mesmo que custe um carcinomazinho basocelular, é o “deus”. 

Um colega juiz, em conversa de final de expediente, me disse, certa vez, que a atividade rural é a mais sacrificada do mundo. Entrou por uma orelha, saiu pela outra. Eu era um urbano bem feliz em entrar no supermercado e nem saber o que passa um agricultor para sobreviver.

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Ao comprar terras na região de Santiago aí aprendi o que é bom pra tosse.

Uma coisa é a atividade rural; outra, as demais. O primeiro e grande problema com o qual me defrontei na estância chama-se água. Os outros, ventos e raios.

Na região que abrange Santiago, São Borja, Itaqui, Jaguari e São Luiz Gonzaga o calor é maior que o de Santa Maria e Santa Cruz. A diferença está nas estiagens. Via de regra lá por início de dezembro começa a ventar leste, o tal de vento da fome. Passam-se os dias e o campo nativo vai murchando. Milho, soja, pastagens vão secando. E se passam os dias: os açudes vão deixando aparecer algumas pedras e ilhotas. As sangas começam a se cortar. O gado tem que andar longe para beber água. Quando se está a cavalo a grama de tão seca dá uns estalos. De vez em quando o céu se ajeita num final de tarde, nuvens pretas se formam, a ansiedade toma conta mas, infelizmente, num repente, se denota um cheirinho de terra molhada. A chuva caiu em outro lugar. O gado começa a emagrecer, a soja sofre do chamado estresse hídrico e a gente começa a pirar de tão nervoso. E a irrigação? Nem todo terreno se presta. Nossa moeda é o produto e o investimento é altíssimo.

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Outro problema são os raios. Na cidade, em poucas horas a energia volta. “Pra fora” as equipes vêm uma semana depois. Pior é o vento que destelha galpões, molha as sementes, inutiliza os insumos e tu vais ter que chorar sozinho. 

E tem quem se refira à chuva como “mau tempo”. E esquecem que as enchentes e os alagamentos são culpa do Homem, não da Natureza. O colono e o pecuarista nunca podem contar com a colheita. Sempre pode dar uma zebra.

Todos deveriam mandar seus filhos urbanos ao menos por um mês na vida para uma granja ou fazenda. Para aprender “o que é bom para a tosse!”

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