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Conversa Sentada

“Colonos” na magistratura

Na minha juventude em Santa Cruz as opções para quem terminava o curso ginasial eram o científico, o técnico em contabilidade ou o normal. Não havia o curso clássico. Logo dá para ver que fora ciências contábeis, a solução para quem queria um curso superior era sair para Porto Alegre ou outras cidades, como Santa Maria ou Pelotas. Como é bem de ver, o científico dava ênfase para as ciências exatas, de sorte que muita gente se formava em medicina, engenharia, odonto, farmácia e boa parte retornava a Santa Cruz ou região.

Quando eu estava no segundo científico do Mauá me dei conta de que as exatas não eram minha praia e que química, física, biologia e matemática de pouco me adiantariam no vestibular para Direito. Rememore-se que havia cursos de Direito na Ufrgs e na PUC em Porto Alegre, mais Santa Maria, Pelotas e outras poucas cidades.

Decidi pegar minha malinha e me matricular no Júlio de Castilhos no terceiro ano do clássico, indo morar na Casa da Uesc, na Tomás Flores, ali no Bom Fim. Como tivera uma sólida formação humanística no Seminário do Colégio Santo Inácio, não estranhei muito.

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Na época, cada Faculdade da Ufrgs fazia seu próprio vestibular. As matérias para o Direito eram: Latim, Inglês ou Francês, Literatura portuguesa e brasileira, História e Filosofia. Provas escritas e depois orais.

Como a faculdade era e é pública, não precisando portanto pagar, pude estudar tranquilamente.

Muitos dos aprovados provinham dos colégios Anchieta, Rosário e outros. Era a elite social.

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Do interior vinham ex-seminaristas que tinham desistido do sacerdócio, fossem católicos ou luteranos. Aportavam com uma boa bagagem haurida nos seminários. Agora vou explicar como aconteceu que descendentes de imigrantes começaram a ingressar na magistratura.

Os primeiros juízes do Rio Grande vieram ou do Nordeste ou do Rio de Janeiro. Depois ingressavam filhos de famílias abastadas, de grandes fazendeiros ou comerciantes.

A partir dos anos 60 esses bacharéis, ex-seminaristas, começaram a se inscrever nos concursos para juiz. Na Justiça Comum, o primeiro santa-cruzense nato a vestir a toga foi o já falecido Donato João Sehnem, nascido em Boa Vista, que chegou a desembargador.

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Se vocês percorrerem listas de juízes de 50 anos atrás, vão encontrar poucos nomes italianos, alemães ou poloneses.
Depois de um tempo, com a proliferação de faculdades de Direito, mais pessoas puderam estudar e, por conseguinte, prestar concursos. O que foi excelente!

A magistratura se tornou mais democrática.

(Só em 1973 mulheres foram admitidas ao concurso para juiz.Voltarei ao assunto).

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