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Conversa Sentada

Memórias de infância I

Estou realmente saturado com a bagunça política e com essa pletora de opiniões as mais desencontradas possíveis. Por essa razão passei a ignorar e a deletar a maioria dos conteúdos das redes sociais.

Quero variar um pouco. Quando se vai avançando em idade, mais afloram fatos passados na tenra infância. Que maravilha é esse computador que o Criador bolou para os humanos.

Santa Cruz foi e é linda e me arrisco a lembrar coisas já enterradas.

Vou me permitir dizer que sou de uma geração superestranha. Já em outro texto referi que nasci de parto natural (minha irmã Lia também, 11 meses depois de eu nascer). Um dia apertei minha mãe, gloriosa feminista, e ela deixou escapar velados segredos. Segundo pude intuir, numa noite de canícula, meu pai ficou se assanhando, ela resistindo aos assédios e dizendo que não queria engravidar porque tinha um livrinho onde se explicavam os dias férteis. Ele, no estuar da libido, a teria convencido que mulher que está dando de mamar não engravida.

Pronto, 11 meses depois nasceu Lia e tivemos que compartilhar o leite materno da mãe Ludmila.

Incrível, não havia ultrassom, nem pré-natal e a mãe foi atendida por uma parteira em casa, sem necessidade de procedimentos complexos. Na colônia era assim mesmo.

Para aí, meu dileto acadêmico de Medicina, não fica me argumentando que naquela época havia mortalidade infantil, que eu vou retrucar que a gente jogava futebol de pé no chão e quando se machucava, nada de chorar. Era limpar com água e meter sal grosso.

Eu comecei a comer linguiça com 1 ano de idade, claro que não era linguiça do Schuster, mas creio que era quase igual.Depois, leite de vaca no mais. Nunca tinha ouvido falar em intolerância à lactose.

Meus pais acabaram se mudando para a cidade, onde abriram uma “venda” perto da Sudan (se não sabe o que é isso, vai no teu avô e pergunta). Pouco depois, ao acertar uma loteria, ganhando a “sorte grande”, mudou-se para a Rua Thomaz Flores, 876. Nossa casa de moradia era ao lado, número 864. Ambas não existem mais.

Ali terminava a cidade. Começava a Linha João Alves. Os colonos católicos vinham aos domingos de carroça e iam lavar os pés no tanque de lavar roupa da minha mãe, do lado de fora da casa. Calçavam seus sapatos e iam para a missa no que é hoje a catedral. As carroças vinham lotadas. Essa missa era bem cedo. Mas a glória, o esplendor, o máximo do luxo, era a missa das nove da manhã. Era a vez da aristocracia florescente.

Homens se punham à direita do altar; as mulheres e crianças pequenas à esquerda.

(Continua)

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