Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

CONVERSA SENTADA

Pelas curvas da vida II

Vários leitores sugerem que eu conte mais da minha experiência no agro.

A pecuária extensiva tem uma característica que quase nenhuma outra atividade tem. Na época em que quase nenhuma empresa tem muito estoque, o pecuarista tem um estoque de milhares de cabeças, entre bois, vacas, touros, terneiros. E mais: estoque vivo.

É só dar uma seca grande e pronto, teu gado emagrece. Existe, também, o problema do abigeato. O pior é que vais descobrir isso só dias depois, no momento de contagem das reses em cada invernada.

Publicidade

É alta a frequência de raios. No que tange ao gado, só resta torcer para que não se encostem nos fios do alambrado. Cansei de perder várias reses numa só tempestade.

Na fazenda tu és um solitário, com teus peões. Na primeira trovoada se vai a luz, ou por raio ou por rompimento de fios. Na cidade, tudo se conserta em poucas horas. No campo leva intermináveis dias. Resumo: o fazendeiro é o último a receber socorro. Primeiro vêm os da cidade e não adianta chorar. Por isso é importante ter um gerador em casa. 

Hoje tens que furar um poço artesiano e instalar uma enorme caixa-d’água. As estiagens são endêmicas na nossa região. Há que se puxar a guaiaca e encher os campos de açudes. Hoje há empresas especializadas que vêm com maquinário apropriado.

Publicidade

Na fazenda, temos foco na pecuária de corte. Por essa razão não criamos porcos, nem que seja para consumo próprio. É mais negócio comprar essa carne no supermercado. Depois de um tempo, parei de carnear gado para subsistência na fazenda.

Mata o boi no chão, arrasta para o galpão, vai carneando e as moscas em volta. Achei melhor comprar carne do frigorífico, dá menos estrepolias e se mantém a higiene. As ovelhas sim, essas são de carnear mais rápido.

O mesmo raciocínio tenho para as galinhas. É mais barato e menos trabalhoso comprar o milho do que plantar e designar um peão para a capina.

Publicidade

Uma questão importante é a convivência com o capataz e com os peões. 

Para todos dou senhoria: seu Júlio, seu Carlos, dona Maria. O capataz e a família moram na fazenda. Já alguns peões preferem ir dormir em casa. 

Sempre achei conveniente não permitir que os peões tenham seus próprios animais dentro da nossa propriedade. 

Publicidade

No que tange à esposa e filhas do capataz deve haver muito tato, cuidado e respeito. Se o capataz não está em casa, não se deve entrar. No caso de uma necessidade, conversa-se sem entrar.

Para que não surja uma demanda trabalhista é melhor pagar salário para a esposa do capataz, assinando a carteira.

Um dia falarei sobre o mio-mio.

Publicidade

Na próxima: a semana da imigração.

LEIA OUTRAS COLUNAS DE RUY GESSINGER

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.