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Na poltrona

Domingo para acompanhar o Oscar em um ano de excelência cinematográfica

Está chegando a hora da maior festa do cinema mundial. Após enfrentar críticas severas pela falta de representatividade étnica em 2016 e o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein, o Oscar 2020 volta a enfrentar uma certa calmaria, ainda que não seja duradoura. A denúncia contra o chefão da Miramax, que motivou a criação do movimento #MeToo, expôs em 2018 e 2019 a fragilidade da indústria do entretenimento em proteger as mulheres, mesmo as mundialmente famosas

A 92ª edição do Oscar acontece neste domingo, no Dolby Theatre, em Los Angeles, e não terá um mestre de cerimônias pelo segundo ano consecutivo, talvez para evitar algum mal-estar decorrente das piadas feitas pelo anfitrião, já que em geral o posto é ocupado por comediantes. A Academia divulgou os nomes dos apresentadores que anunciam as categorias. Entre eles estão Gal Gadot, Timothée Chalamet, Will Ferrell, Keanu Reeves e os vencedores de 2019: Mahershala Ali, Olivia Coleman, Regina King e Rami Malek.

Este ano, o filme Coringa é o campeão de indicações com 11 no total, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator para Joaquin Phoenix, que já venceu os principais prêmios de 2020, como o Globo de Ouro, Sag Awards, Bafta e Critic’s Choice. O longa inspirado no personagem da DC Comics ainda arrematou o cobiçado prêmio principal do Festival de Veneza. Já o drama de guerra 1917 é o segundo mais indicado do ano, com dez nomeações. Ele foi um dos filmes mais premiados nesta temporada e é um dos favoritos aos dois prêmios principais da noite.

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Com o mesmo número de indicações está O Irlandês, dirigido pelo veterano Martin Scorsese e com um elenco de superestrelas, como Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Ray Romano, Bobby Cannavale, Anna Paquin, Stephen Graham e Harvey Keitel. Era Uma Vez em… Hollywood, filme de Quentin Tarantino estrelado por Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, também é um dos destaques. Ele recebeu dez indicações e já foi o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical, junto com Brad Pitt como Melhor Ator Coadjuvante.

Jojo Rabbit, Adoráveis Mulheres, Ford Vs Ferrari e Parasita completam a lista dos mais indicados do ano. O último, dirigido pelo coreano Bong Joon-ho, foi o ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Serão ao todo 24 categorias premiadas. O Brasil será representado na cerimônia pela diretora Petra Costa, que concorre a Melhor Documentário por Democracia em Vertigem. Nesta edição, o Oscar Honorário será entregue ao diretor David Lynch, ao ator Wes Studi e à diretora italiana Lina Wertmüller. O Prêmio Humanitário Jean Hersholt será concedido à atriz americana Geena Davis.

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A noite ainda contará com as performances da atriz Cynthia Erivo, que cantará Stand Up, tema do filme Harriet. O veterano Elton John apresenta-se com (I’m Gonna) Love Me Again, de Rocketman. A cantora norueguesa Aurora junta-se a Idina Menzel para Into the Unknown, de Frozen II, Chrissy Metz canta I’m Standing with You, de Breakthrough, e Randy Newman apresenta I Can’t Let You Throw Yourself Away, de Toy Story 4. Também farão apresentações ainda não divulgadas as cantoras Billie Eilish e Janelle Monáe.

Transmissão

No Brasil, o evento terá a transmissão da TNT a partir do tapete vermelho, às 20h30, com apresentação e comentários de Aline Diniz e Michel Arouca. Simultaneamente, o canal preparou uma megacobertura digital em suas redes oficiais no YouTube e no Twitter (@TNTBrasil). O anfitrião da live será o apresentador Didi Effe, e os comentários sobre os looks da noite ficam por conta de Karol Pinheiro, Matheus Mazzafera e Thais Farage. A cobertura segue depois do tapete com a participação dos experts Deive Pazos e Azaghal (Jovem Nerd), Carol Moreira, Mikannn, Thiago Romariz e Barbara Demerov.

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A noite será exibida desde o tapete vermelho, com os apresentadores Carol Ribeiro e Hugo Gloss trazendo todos os detalhes dos looks e entrevistas com os convidados e indicados. A tradução simultânea fica por conta de Regina McCarthy e Robert Greathouse.

REPRESENTATIVIDADE, ONDE?

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De todos os nove indicados a Melhor Filme, apenas um é estrelado por atores não brancos, Parasita, que é um filme coreano. Destes, cinco não possuem mulheres em seus pôsteres e nenhum deles tem personagens negros na principal imagem de divulgação. Entre todos os indicados nas categorias de atuação, entre atores e atrizes principais e coadjuvantes, há apenas uma negra, Cynthia Erivo. Neste ano, nenhuma mulher concorre ao prêmio de direção, mesmo que o longa Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, concorra na categoria Melhor Filme. Aliás, parece até mentira, mas em mais de 90 anos de premiação foram apenas cinco mulheres indicadas ao prêmio, e apenas uma ganhou. O feito histórico é de Kathryn Bigelow, diretora de Guerra ao Terror.

O machismo parece seguir presente, mesmo com a vontade da Academia de tratar melhor as mulheres. Dos 209 candidatos ao prêmio em 2020, apenas 69 são do sexo feminino. Uma campanha tomou as redes sociais na última semana acusando a premiação de marginalizar mulheres ao selecionar os candidatos masculinos. Internautas protestaram usando a hashtag #OscarsSoMale (#OscarÉMuitoMasculino) em suas postagens.

Nossas apostas

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Ainda que o nível elevado de qualidade das produções deixe a corrida acirrada, o resultado de outras premiações cria um termômetro bastante confiável. Na categoria Melhor Filme e em Melhor Direção, Sam Mendes deve levar as estatuetas por 1917. Joaquin Phoenix deve se consagrar pelo papel em Coringa como Melhor Ator, ao lado de Renée Zellweger como Melhor Atriz por Judy. Entre os coadjuvantes, Brad Pitt e Laura Dern podem ganhar por Era Uma Vez em… Hollywood e História de um Casamento, respectivamente. Já na categoria de Melhor Filme Internacional, o prêmio deve ir para Parasita.

O horror da Primeira Guerra mostrado inclusive por meio de seus silêncios, em 1917

O favorito

Um filme que chegou sem fazer muito barulho à temporada de premiações e surpreendeu levando várias das estatuetas mais cobiçadas foi 1917, de Sam Mendes. O drama britânico de duas horas de duração, estrelado pelos atores George MacKay e Dean-Charles Chapman, conta a história de dois soldados britânicos que são enviados em uma missão durante a Primeira Guerra Mundial.

Na França, os cabos Schofield e Blake são encarregados de atravessar o território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar cerca de 1,6 mil colegas de batalhão. A ordem de suspender um ataque, que levará o grupo a uma armadilha, salvará também o irmão de Blake. A inspiração do longa veio da experiência do avô paterno do diretor Sam Mendes, Alfred Mendes, que costumava contar a história de dois soldados enviados para deter um ataque. A narrativa que acompanha a jornada dos dois é mostrada praticamente o tempo todo em uma ilusão de plano-sequência. Apesar de perder a dramaticidade de alguns closes e movimentos de câmera, o recurso transpor ta o espectador para dentro das trincheiras e para os campos, ao lado dos personagens em momentos de perigo. E mesmo que Sam Mendes não domine a técnica com a mesma maestria de Alejandro González Iñarritu em Birdman, o efeito final é muito agradável. Ainda que a história e as imagens lembrem uma narrativa de videogame, o diretor se afasta da violência gratuita e gráfica que costuma fazer parte dos filmes de guerra, explorando muito mais os elementos humanos do conflito, e esse é um dos pontos altos de 1917. A fotografia direciona o olhar para sutilezas e complementa o sentido poético do longa.

O contexto histórico e as atuações marcantes, especialmente de George MacKay, que está sozinho em boa parte do tempo, são reforçadas pela trilha sonora de Thomas Newman, que carrega tons sinistros e melancólicos. Trechos em silêncio mostram todo o horror da guerra, sem literalmente mostrá-la. O filme exige a interpretação de quem assiste sem ser pedante, nem didático. As atuações dos coadjuvantes são contidas, evitando o óbvio e as explosões, e por isso se tornam ainda mais poderosas.

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