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Gibraltar e San Marino: a última colônia e a primeira república

Foto: Arquivo Pessoal

Ponta de Europa, no extremo sul da península de Gibraltar

Enquanto impérios nasciam e morriam, pequenos países europeus persistiram, resistindo à pressão de ser engolidos por seus avantajados vizinhos. Estudos contemporâneos retratam esses territórios como anomalias sem lógica e destinados a desaparecer. Entretanto, engana-se quem desdenha de sua importância.

Parte da razão para a independência é econômica, pois estão entre os países mais ricos do mundo. Contudo, não há dúvida de que a união e a solidariedade de seus povos facilitaram a sobrevivência; um fenômeno antropológico e exemplo de resiliência. Esse termo, aliás, tem sido muito usado ultimamente, por vezes de forma equivocada.

Etimologicamente, resiliência é a habilidade de reerguer-se ou adaptar-se, mas é seguidamente confundida com resistência (conter-se, estagnar-se), o que seria até um conceito oposto. Entre os sete escolhidos nesta série, incluo Gibraltar, o único que não é um estado independente.

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GIBRALTAR
6,8 quilômetros quadrados, 34.003 habitantes

Ao entrar no território ultramarino britânico a partir da Espanha, deparei-me com sua primeira particularidade. Um sinal vermelho e uma cancela que se fechou para a passagem de outro veículo que seguia perpendicularmente, mais precisamente um Boeing 737, que logo passou à minha frente e decolou. A principal avenida do pequeno território atravessa a pista do único aeroporto local.

Ponto europeu mais próximo do continente africano e porta do Mediterrâneo para o Atlântico, Gibraltar é um promontório vigiando o estreito com o mesmo nome e uma das lendárias Colunas de Hércules. A travessia entre os continentes já era usada comercialmente desde os antigos fenícios, que aportavam por ali mil anos antes de Cristo. Além do prominente rochedo que domina a paisagem, as ruas e construções têm aspecto puramente inglês, em plena costa ensolarada do Mediterrâneo.

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Em 1713, o território foi cedido ao império britânico como pagamento pela Guerra da Sucessão Espanhola. Apesar da posterior pressão ibérica para reaver a estratégica península, sucessivos referendos (o mais recente em 2002) atestam o desejo de mais de 99% da população gibraltina de permanecer conectada ao reino de Elizabeth II.

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Rochedo de Gibraltar e Mesquita Ibrahim-al-Ibrahim

SAN MARINO
61 quilômetros quadrados, 33.785 habitantes

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Conhecida como a Sereníssima República de San Marino, o montanhoso microestado encravado no centro-norte italiano é a república constitucional e estado soberano mais antigo do mundo, fundado no ano 301, a 10 quilômetros da costa do mar Adriático. A capital, com o mesmo nome, é uma cidade murada que se agarra às encostas do Monte Titano, com ruas antigas e belas construções medievais. Como no Vaticano, lembranças, selos e moedas são uma das principais fontes de renda, complementada por empresas dos setores financeiro e industrial espalhadas pelo pequeno território.

A independência e a neutralidade de San Marino a transformaram muitas vezes em local de refúgio, como, por exemplo, para mais de 100 mil judeus no decorrer da Segunda Guerra. No século 19, durante os conflitos pela unificação da Itália, o país chegou a abrigar dois refugiados bem conhecidos dos sulbrasileiros: o herói de gaúchos e italianos Giuseppe Garibaldi, e sua esposa, a catarinense Anita. A diplomacia dos governantes sempre garantiu que a república, que nunca teve força militar, ficasse não somente inabalada, mas também se expandisse gradualmente. Logo após a Grande Guerra, San Marino foi governada pelo primeiro governo comunista eleito do mundo, experiência que durou 12 anos. A coalizão ainda retornou ao poder em eleições dos anos 1970 e 80, contribuindo para o desenvolvimento econômico de uma das nações com maior PIB per capita do planeta e único país do mundo com mais carros do que pessoas.

Diz-se que as últimas palavras do santo fundador, São Marino, foram “Relinquo vos liberos ab utroque homine”, latim para “Deixo-os livres dos dois homens”. A frase simboliza a liberdade que a fundação proporcionou ao país, que jamais foi subjugado a reis ou papas. Lenda ou não, a história inspira e alimenta até hoje a soberania da pequena nação.

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