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O gosto amargo da traição

Você já magoou absurdamente alguém que o ama? Você já cometeu atos que causaram profundo sofrimento nas pessoas a sua volta? Eu já. E digo para todos vocês que não é nada fácil conviver com isso. Ver a dor das pessoas a sua volta e saber que foi responsável direto por isso é indescritível. Paralisa. Se dói em quem apanha, garanto que também dói em quem bate.

Nós, humanos, somos imprevisíveis. Somos capazes de feitos maravilhosos, mas também podemos agir de forma muito danosa. Mas uma coisa é certa: não somos sempre racionais. Somos influenciados sobremaneira pelas emoções e instintos. Isso é explicado pela existência de dois sistemas cerebrais complexos e independentes. Há toda uma rede neural que funciona racional e logicamente. Dois mais dois é quatro. Isso pode, isso não pode.

Mas há também um sistema emocional bastante intenso, quase animal, que é responsável por sentimentos muito primitivos, como raiva, amor, ansiedade, paixão, medo, fome, tesão, solidão, entre outros. O que se sabe hoje é que esse sistema emocional, quando ativado, reduz ou desativa o sistema racional. Literalmente, quando tomados de emoções, nossas decisões ditas racionais são modificadas.

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O quanto da razão é sobrepujada pelas emoções varia de pessoa para pessoa e depende da intensidade das emoções. Varia conforme sua personalidade, temperamento e momento de vida. Alguns cientistas chegam ao extremo de afirmar que o livre-arbítrio não existe. Seríamos escravos do nosso sistema emocional, cabendo ao cérebro a tarefa de justificar por meio de pensamentos e lógica os atos já decididos pelas emoções.

Mas isso tudo pouco ou nada importa no campo das ações. E são essas ações que deveriam ser controladas a modo de não machucar as pessoas. Traição gera dor. Dor muitas vezes irreparável. A confiança se acaba e a decepção mata a admiração. Ser agente disso é algo infeliz. 

Não há justificativa para trair. Quem é traído não tem culpa. O cérebro trata de inventar algumas, na tentativa de se defender. O que nos resta é assumir a responsabilidade sobre nossos atos e viver buscando reparar ou minimizar o sofrimento e prejuízo causado pelo nosso comportamento. Nem sempre merecemos perdão pelo que fizemos. Há coisas que são injustificáveis. E quando erramos devemos estar preparados para isso.

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Perdoar uma traição é algo superior e denota uma saúde mental admirável por quem o faz. Perdoar é justamente o oposto do que leva à traição. É predomínio da razão sobre a emoção. É ser mais humano e menos animal. E isso não é para qualquer um.

Acredito que não devemos buscar o perdão nem justificar os atos quando traímos. Ao trair perdemos qualquer credibilidade e o perdão é de única e exclusiva prerrogativa de quem é traído. Seria ótimo poder ter a oportunidade de fazer as coisas diferentes. Mas a vida não é assim. Não há como voltar no tempo. Cabe a quem trai aprender para, quem sabe, não repetir os erros. E viver com a dor de ter decepcionado e machucado aqueles que o amam.

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