A coluna hoje não está diretamente ligada ao passado de Santa Cruz. Mas se propõe a homenagear as enfermeiras (os), pelo heroico trabalho que realizam no combate ao coronavírus, e as mães que, no domingo, comemoraram seu dia. E isso é possível com uma síntese da bela história de vida de Anna Nery.

Anna Justina Ferreira nasceu em 13 de dezembro de 1814, no interior da Bahia. Aos 23 anos, casou com o capitão de fragata Isidoro Nery, quando então adotou o sobrenome do marido. Ele faleceu seis anos depois e a esposa criou sozinha os três filhos do casal.

Quando eclodiu a Guerra do Paraguai, em 1864, os três rapazes foram para o campo de batalha, junto com dois irmãos de Anna e um sobrinho. Inconformada em ficar longe dos filhos, pediu autorização para participar da guerra como voluntária. Por conta própria, veio ao Rio Grande do Sul aprender enfermagem com as Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo. 

Em agosto de 1865, com 51 anos, Anna foi incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários e partiu para o Paraguai. Mulher de posses, instalou uma enfermaria em sua casa, em Assunção. Criou hospitais de campanha e atuou na linha de frente dos combates. Atendia os feridos da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) e os adversários paraguaios. 

Sua dedicação era tanta que os soldados a batizaram de Mãe dos Brasileiros. Mesmo perdendo um filho e o sobrinho nos combates, ela permaneceu até o final das batalhas, em 1870. Na volta ao Brasil, trouxe seis meninas órfãos para criar como filhas. 

Anna faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de maio de 1880, aos 65 anos. Desde 1923, empresta seu nome à primeira Escola de Enfermagem de Alto Padrão do Brasil e à Escola Bahiana de Medicina. Em 1938, Getúlio Vargas oficializou o Dia do Enfermeiro (12 de maio), quando é reverenciado o nome de Anna.

Ela é a primeira mulher a figurar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Em Santa Cruz do Sul, temos o bairro e o Hospital Ana Nery (nesse caso seu nome é grafado só com um “n”).