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Situação crítica

Lago Dourado só tem água para abastecer Santa Cruz por mais 40 dias

Foto: Rafaelly Machado

Com a estiagem que atinge o Rio Grande do Sul desde o fim do ano passado, o Lago Dourado tornou-se a única fonte de abastecimento de água para Santa Cruz do Sul. Segundo o monitoramento da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o nível, que geralmente é de 4,8 metros, está em 2,070.

Em apenas um dia de abril, a baixa registrada foi de 9 centímetros, quando a média atual fica em 2 centímetros. Na segunda-feira, quando as temperaturas estavam mais altas, a oscilação chegou a quase 3 centímetros.

Conforme o superintendente regional da Corsan, José Roberto Epstein, se a previsão de chuva para os próximos dias não se confirmar, o abastecimento poderá ser comprometido. “O volume disponível no lago será suficiente para em torno de 30 a 40 dias. Hoje a solução é postergar o máximo possível para que as chuvas retornem e contemplem, além de Santa Cruz, a região de Boqueirão do Leão e Barros Cassal, que é onde iniciam os afluentes do Rio Pardinho.”

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Diante da situação, a companhia adota estratégias para reforçar o reservatório, como a perfuração de quatro poços artesianos. O primeiro deles, localizado no Rio Pardinho, ficou pronto na última sexta-feira, faltando apenas a montagem dos equipamentos. No entanto, a vazão encontrada nesse ponto ficou abaixo da esperada, disse Epstein.

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Os trabalhos de perfuração concentram-se hoje em dois pontos nas imediações do lago e em outro perto da estação de bombeamento de água, do outro lado da rodovia. Todos devem ter até 300 metros de profundidade.

Segundo Epstein, os poços devem começar a funcionar na medida em que ficarem prontos. Além destes, outros dois concluídos nos bairros Santo Antônio e Aliança passaram a ser usados recentemente, de forma a atender uma população de 2,5 mil a 3,5 mil residências na região.

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Outra opção apontada pela companhia para manter o abastecimento seria uma transposição de água. Conforme o superintendente regional, isso seria feito apenas em último caso, já que o rio mais próximo é o Jacuí.

“Estamos falando em mais de 30 quilômetros de distância, então essa não é uma medida a curto prazo nem barata. Foi avaliada e é uma das opções, assim como barragens no Rio Pardinho.” O investimento da Corsan nessas e outras melhorias fica em torno de R$ 1 milhão.

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Apesar da baixa, volume acumulado ainda possibilita o abastecimento da população

Poços

A opção por abrir poços artesianos em áreas próximas ao Lago Dourado e no Rio Pardinho ocorreu em virtude das características do solo. Conforme Epstein, o lençol freático no perímetro urbano já está saturado e, além do risco de não encontrar água, é preciso levar em conta a qualidade.

“Explorar a área perto do lago favorece pelo fato de poder extrair a água, mandar diretamente para o reservatório e dali para uma estação de tratamento. Podemos perfurar um poço e ele não tem vazão suficiente. Ou ainda, não ter condições de fazer a distribuição diretamente pela falta de parâmetros de potabilidade da água”.

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De acordo com a Corsan, a água extraída dos poços artesianos dos bairros Santo Antônio e Aliança atingiu o padrão ideal e será tratada com dosagens de cloro e de flúor se houver necessidade, para posterior distribuição ao sistema. Atualmente Santa Cruz dispõe de dez poços artesianos operando no mesmo sistema.

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Venâncio Aires

Além de Santa Cruz, a situação do abastecimento em Venâncio Aires também preocupa. Segundo Epstein, a Corsan permanece em alerta e diversas ações estão sendo realizadas até a chegada da chuva. Uma intervenção em conjunto com a Prefeitura, em forma de contenção, será feita hoje para elevar o nível e preservar a água do Arroio Castelhano. Três poços artesianos foram perfurados recentemente. No total, o município dispõe de cinco.

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Reserva

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Embora a situação do Lago Dourado seja preocupante, com visíveis bancos de areia no entorno, o superintendente da Corsan explica que um grande volume de água ainda está concentrado no centro. “Tivemos que fazer um canal para direcionar a água ao centro do reservatório, que é onde está o maior volume. Em alguns pontos chega a até 6 metros de profundidade. Quando nas bordas, o máximo é de apenas dois metros.”

Sobre a possibilidade de escavação nos pontos onde o nível é baixo, com a intenção de aumentar a reserva, ele garantiu que a retirada dos bancos de areia é insignificante diante do tamanho do lago. “Retirar um pequeno assoreamento na bacia não se faz necessário. Porque, para termos um dia de acumulo de água, seria preciso retirar 3,5 mil caminhões de terra do reservatório. E ele é projetado para ter um volume de 3 milhões e 700 mil metros cúbicos e manter esse volume.”

José Roberto Epstein ressaltou ainda a importância do Lago Dourado para Santa Cruz. “A estiagem extrapolou em todos os sentidos, o Rio Pardinho está seco. Não tem mais água, e a única fonte de abastecimento é ainda o lago. Se as chuvas de maio não se confirmarem ou não forem significativas, vamos ter que nos reunir com a Prefeitura e agência reguladora para definirmos medidas mais drásticas, como algum tipo de sanção ou multa para quem desperdiçar água”, alertou.

Não pode

Com o nível de água do Lago Dourado mais baixo, uma situação começou a ser flagrada com frequência no local: a presença de pescadores. Nesta terça-feira, 21, a reportagem da Gazeta do Sul flagrou pessoas pescando com redes, da margem do reservatório. A prática de pesca no local, segundo a Corsan, é proibida. Além disso, o acesso à área é restrito em função das obras que estão em andamento.

Correção: Entre 10h39 e 21h desta quarta-feira, 22, esta matéria contava com uma foto de um barco no Lago Dourado e indicava que a embarcação fosse de pescadores. No entanto, a Prefeitura informou que, segundo apurado pela Guarda Municipal, o barco era da RGE e era utilizado por servidores da concessionária de energia para manutenção das torres instaladas dentro do lago.

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Rio Pardo

A baixa do Rio Jacuí obrigou a Corsan a fazer ajustes na captação de água em Rio Pardo. A medição apontou nessa terça 5,4 metros na jusante da Barragem do Anel de Dom Marco, quando o normal é sete metros. O gerente da companhia, Rafael Gonçalves, informou que normalmente o trabalho é feito por uma bomba que capta 100 litros por segundo.

Para manter a mesma capacidade, foi preciso instalar um equipamento com capacidade de 20 litros por segundo. “Fizemos a instalação da outra bomba para manter o mesmo fluxo de água de quando o nível do rio está normal”, explicou.

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