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Primeiro trimestre

Celulose e tabaco puxam queda nas exportações do agronegócio gaúcho

Em meio a um cenário externo de incertezas por conta do novo coronavírus (Covid-19), as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2020, queda de 23,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No período, as vendas nos setores de produtos florestais (US$ 214,7 milhões; -68,5%) e fumo (US$ 281,8 milhões; -39,4%) registraram as maiores baixas.

Os dados fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado na manhã desta quarta-feira, 6, pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Elaborado pelos analistas do Departamento de Economia e Estatística (DEE) Sergio Leusin Júnior e Rodrigo Feix, o documento referente ao primeiro trimestre de 2020 não conta, diferentemente das versões anteriores, com informações sobre o emprego formal no agronegócio gaúcho. Os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), produzidos pelo Ministério da Economia e que servem de base para este estudo, ainda não foram divulgados pelo governo federal, impossibilitando a análise.

“No Boletim anterior, tínhamos alertado para a alta expressiva das vendas de celulose do Rio Grande do Sul para a China em 2019, que chegou a 60% em valor. Já era pouco provável a manutenção deste patamar elevado em um cenário sem restrições produtivas e logísticas. Com o coronavírus, este movimento de recuo pode ter sido potencializado”, destaca Leusin.

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Produtos e destinos

No que se refere aos principais produtos por setor do agronegócio, entre os produtos florestais a celulose registrou forte redução nas vendas (-76,3%). No setor de fumo, a China interrompeu por completo as compras, o que levou à redução nas vendas de fumo não manufaturado (-41,1%). Nos cereais, a redução nos embarques de trigo (-55,6%) foi o principal responsável pelo impacto negativo dos números.

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No ritmo contrário, as vendas de carne suína do Rio Grande do Sul atingiram o maior valor para um primeiro trimestre (US$ 128,5 milhões; +78,6%) desde o início da série histórica, em 2007. De acordo com o boletim, a alta ainda reflete os efeitos da peste suína africana, que aumentou a demanda chinesa pela proteína animal. A carne de frango (+82,1%) também foi outro dos destaques do setor.

Quanto à soja, cuja colheita se inicia no segundo trimestre, os números dos primeiros três meses do ano ainda não refletem os impactos da estiagem na produção gaúcha. O crescimento das vendas no período que antecede a colheita no Rio Grande do Sul pode ser explicado, em grande parte, pela comercialização dos estoques de passagem.

Em relação aos principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho, a China segue na liderança dos maiores parceiros, responsável por 23,6% do valor total comercializado. Ainda assim, o gigante asiático registrou uma queda de US$ 128 milhões (-23,1%) nas compras do Rio Grande do Sul. União Europeia (15,7%), Estados Unidos (6%), Coreia do Sul (4,8%) e Arábia Saudita (4,5%) seguem o ranking de participação nas vendas. O bloco europeu foi o responsável pela maior queda percentual nas vendas no primeiro trimestre (-33,5%).

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Estiagem

Com um impacto no rendimento da produção que chega a 29,3% na soja, 19,9% na lavoura de fumo e 18,6% no milho, a estiagem que atinge o Estado também restringirá a oferta dos produtos para exportação. Com uma perda estimada inicialmente em 5,1 milhões de toneladas, a produção de soja tende a sofrer uma quebra ainda maior em função da irregularidade e da falta de chuvas no final de abril, período não avaliado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na estimativa mais recente.

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Coronavírus (Covid-19)

De acordo com o boletim, alguns elementos já permitem análises sobre o impacto da Covid-19 para o agronegócio gaúcho. Ainda que tenha se mantido com uma participação estável no ranking dos países importadores, a China modificou de forma expressiva o mix de produtos comprados do Rio Grande do Sul, com aumento da relevância dos alimentícios, como soja e carnes, em detrimento dos insumos industriais para outros usos, como celulose e fumo não manufaturado.

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“Esse é um aspecto que merece monitoramento nos próximos meses, uma vez que pode sinalizar mudanças qualitativas no comércio internacional do setor, induzidas por alterações nos padrões de consumo final ou ainda por políticas de segurança alimentar em tempos de pandemia”, avalia Leusin.

O fato de a disseminação do vírus estar aparentemente controlada no país asiático contribui também, de acordo com o boletim, para evitar problemas de armazenagem e de pressões sobre os preços recebidos pelos produtos gaúchos ao longo do segundo trimestre, período de escoamento da safra.

Com informações da assessoria de imprensa do Governo do Rio Grande do Sul.

Contraponto

O Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco, por meio da assessoria de imprensa, divulgou nota de esclarecimento no início da tarde desta quarta-feira, 6, em relação às exportações do tabaco. Confira a nota na íntegra:

“Estudo divulgado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, 06 de maio, coloca o setor do tabaco entre aqueles que puxaram a queda da balança comercial gaúcha no primeiro trimestre. Em dado momento do texto, afirma que no setor de tabaco, “a China interrompeu por completo as compras, o que levou à redução nas vendas de fumo não manufaturado (-41,1%)“. 

Cabe ressaltar que o Brasil é líder mundial em exportações de tabaco e detentor de 25% das vendas do produto no planeta. Por ser um cultivo sazonal, grande parte dos embarques acontece no segundo semestre. No caso da China, eles costumam ocorrer nos meses de setembro, outubro e novembro. A referida queda nas exportações no primeiro trimestre de 2020, em comparação com o ano anterior, já era esperada considerando que questões logísticas e a própria decisão do cliente chinês acabou postergando embarques realizados no segundo semestre de 2018 para o início de 2019.

“O desempenho do setor deve ser avaliado dentro do ano, considerando a sua sazonalidade. No ano passado tivemos um aumento significativo nos embarques no primeiro trimestre de estoques remanescentes de 2018. Porém, o mercado tem se mantido estável e a China segue sendo um importante parceiro comercial”, afirma o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco, Iro Schünke.

PARA SABER – O tabaco representou 0,95% do total de exportações brasileiras e 4,84% dos embarques da Região Sul de 2019. No Rio Grande do Sul, estado que concentra mais da metade da produção brasileira, o produto foi responsável por 9,62% do total das exportações.

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