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SEGURANÇA

Homicídios e prisões aumentam na região em 2020; furtos e roubos caem

Foto: Cristiano Silva

Mesmo com a pandemia, a Brigada Militar prendeu mais criminosos no ano que passou

O Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP) divulgou dados sobre os índices de criminalidade de área de atuação, que abrange 32 municípios do Vale do Rio Pardo e Região Central do Rio Grande do Sul. Os dados mostram uma redução em vários indicadores, mas evidenciam também que as prisões aumentaram, mesmo com a pandemia. Os homicídios, que também cresceram na região, preocupam a BM.

No Estado, a Secretaria de Segurança Pública atualizou no último dia 11 o balanço da criminalidade em 2020. Em índices gerais, o Estado registrou um ano muito positivo nos números da segurança pública, com redução de crimes como homicídios, roubos, furtos, roubo de veículos e roubo a pedestres, dentre outros.

O número de homicídios nas cidades gaúchas caiu de 1.811 em 2019 para 1.694 no ano passado. Na média, a redução representou quase dez assassinatos a menos por mês no Rio Grande do Sul. Outro exemplo é o número de veículos roubados, que foi reduzido em mais de 3 mil, passando de 13.109 carros levados por ladrões em 2019 para 9.398 em 2020.

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Prisões e apreensões de armas e drogas aumentaram em 2020

Apesar de ser uma das principais economias do Estado e cidade polo do Vale do Rio Pardo, Santa Cruz do Sul está fora do mapa da criminalidade confeccionado pela Secretaria de Segurança Pública, onde são elencados os 18 municípios mais perigosos do Estado. A informação é do comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), coronel Valmir José dos Reis.

Parte da redução da criminalidade no Estado foi creditada à menor circulação de pessoas nas vias públicas em função do coronavírus. Mas o comandante regional questiona essa conclusão. Reis lembra que os criminosos continuaram atuando, mesmo com a pandemia.

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Reis: assassinatos são reflexo do tráfico

O número de prisões realizadas pela Brigada Militar na região nos últimos dois anos comprova a situação. Em 2019, antes da pandemia, a Brigada Militar realizou 1.599 prisões por crimes que têm penas de até dois anos de prisão, na área de atuação do CRPO. Já em 2020, em plena pandemia, as prisões aumentaram. Foram 1.902 presos no ano passado, também em ocorrências de crimes de menor potencial ofensivo.

A quantidade de armas e drogas apreendidas também sinaliza que o mundo do crime não seguiu os protocolos de saúde e distanciamento. Em 2020, os bandidos estiveram tão presentes nas ruas quanto nos anos anteriores. Enquanto em 2019 a BM apreendeu 163 armas de fogo no Vale do Rio Pardo, em 2020 foram 190 armamentos retirados das mãos de criminosos.

Também no ano passado, somaram-se 26 quilos a mais de drogas retirados de circulação pela Polícia Militar: foram 79,5 quilos de entorpecentes apreendidos em 2020 ante 53 quilos apreendidos em 2019. “Isso prova que não foi a pandemia que baixou a criminalidade. Diminuiu a circulação de pessoas, isso é verdade. Mas o crime não tem protocolo. O crime não se encolhe, não faz lockdown”, ressaltou o comandante.

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Homicídios em alta na região preocupam a Brigada Militar

Um dos poucos índices de crimes que apresentaram crescimento nas estatísticas da região em 2020 foi o de homicídios. Segundo o coronel Reis, o Vale do Rio Pardo registra mortes decorrentes da disputa de diferentes facções pelo tráfico de drogas. Tais grupos empregam a violência para cobrar dívidas entre seus integrantes. De 92 homicídios registrados em 2019, o número passou para 107 em 2020.

“Todo mundo sabe que o tráfico é um negócio, só que um negócio ilícito, criminoso. E tem suas regras. Se o indivíduo deve para o tráfico ou consumiu e não pagou, recebe missões para ficar quite com as pessoas que comandam o negócio ilícito. Não cumprindo as missões, essas pessoas são sentenciadas. E a regra lá é a morte”, relata.

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O comandante da BM comenta que as organizações criminosas estão aumentando as ações no interior. O oficial deu o exemplo de uma ação em Sobradinho, no Centro-Serra, no dia 22 de janeiro, quando 13 pessoas foram presas após um trabalho em conjunto da Brigada Militar com a Polícia Civil, que cumpriu 27 mandados de busca e apreensão em virtude de um atentado contra um agente penitenciário, arquitetado a mando de criminosos que atuam no tráfico de drogas na região.

“Isso mostra que cidades que não estavam inclusas nos números de homicídios estão se apresentando, como Sobradinho e outras da região. Eram municípios que não apresentavam esse crescimento das facções e da traficância. As facções estão se expandindo, saindo dos grandes centros, em virtude das providências que estão sendo tomadas pela Brigada e pela Polícia Civil, e estão procurando novos espaços”, avaliou o comandante regional.

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Mais chamadas, menos assaltos

Mesmo com a restrição à circulação de pessoas em 2020, o Comando Regional de Policia Ostensiva do Vale do Rio Pardo ampliou o número de atendimentos a ocorrências na área de seus três batalhões: o 23º BPM, com sede em Santa Cruz do Sul, o 35º BPM, sediado em Cachoeira do Sul, e o 2º BPM, de Rio Pardo.

Enquanto em 2019 o CRPO respondeu a 35.070 chamados, em 2020 foram 45.758 ocorrências atendidas, quase 10 mil a mais em relação ao ano anterior. As prisões em flagrante passaram de 4.738 em 2019 para 4.963 no ano passado, nos 32 municípios pelos quais responde o Comando Regional.

Os índices de crimes como roubo a pedestres e roubo a residências também são considerados positivos. Foram 513 assaltos a pedestres em 2019, e 298 no ano seguinte. O número representa, em média, quase 20 casos a menos por mês no Vale do Rio Pardo no ano passado. Os criminosos também fizeram menos ataques contra residências. A redução é de 20%. Enquanto 95 famílias tiveram as casas assaltadas por ladrões na região em 2019, foram 78 em 2020.

“Vinte por cento é um número estratosférico. É uma vitória. Num crime onde os criminosos chegam armados para roubar as pessoas em suas casas, ter 78 casos em 32 municípios da nossa área é uma diminuição muito grande.”

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“Sequestro” de veículos em queda

Outro índice positivo foi a diminuição no número de roubos de veículos e também a estabelecimentos comerciais. Ainda segundo os números do Comando Regional, após 197 roubos ao comércio em 2019, em 2020 o índice caiu para 131. A quantidade de pessoas que teve o veículo roubado no ano passado também diminuiu. Enquanto 91 carros foram roubados em 2019, apenas 50 foram levados de seus donos na área de atuação do CRPO no ano passado.

“É uma situação que era crônica na região. Tínhamos aqui o que chamávamos de ‘sequestro’ de veículos. Eram veículos com mais anos de uso, com sistemas de segurança menos aperfeiçoados, sem chave eletrônica, sem alarme. Em muitos casos o criminoso roubava, estacionava em outro lugar e ficava pedindo dinheiro por telefone, tentando extorquir as vítimas. Essas, no desespero, iam lá e pagavam, e às vezes até eram assaltadas de novo. Reduzimos isso em mais da metade. É um número astronômico falando em diminuição de indicadores de criminalidade, algo a ser comemorado pela sociedade”, avalia o coronel.

Entre os fatores que levaram à diminuição nos índices de criminalidade, Reis citou o método de acompanhamento dos números de forma interna pela Brigada Militar, fruto do “Programa Avante”, no qual os comandantes de batalhão acompanham caso a caso o avanço dos crimes. O programa é estadual e interligado ao Comando-Geral da BM. Os oficiais podem avaliar o aumento dos índices e lançar as providências a serem tomadas no sistema, medindo a eficácia das decisões pelo índice de crimes registrados nos dias seguintes.

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