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Rodovias

Precariedade do eixo sul da RSC-471 atormenta motoristas

Foto: Lula Helfer

Rodovia já apresenta um grande número de remendos no asfalto, com muitas ondulações e material de pouca durabilidade

Doze anos após a conclusão no último trecho que completou o trajeto do eixo sul da RSC-471, o tráfego pelo principal corredor de exportação do Vale do Rio Pardo rumo ao Porto de Rio Grande exige atenção redobrada dos motoristas. Com frequência, a rodovia entre Pantano Grande e Canguçu apresenta grande quantidade de buracos no asfalto, remendos e falta de sinalização, e a vegetação invade a pista em diversos trechos.

Os problemas são maiores entre a cidade de Encruzilhada do Sul e o viaduto e a ponte sobre o Arroio Abranjo, na área conhecida como variante ambiental, no interior do município. A demanda foi incluída como uma das prioridades de luta da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) na primeira assembleia deste ano, ainda em janeiro.


Proprietário de uma transportadora, o diretor regional do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs) em Santa Cruz do Sul, Alaor Canêz, afirma que em alguns trechos da rodovia praticamente não há mais asfalto. Explica que percorreu a estrada há cerca de um mês e verificou profundas crateras. “Se a roda de um carro cair em uma delas, dificilmente não vai quebrar a suspensão”, afirma.

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Depois disso, houve uma operação tapa-buracos. Outro problema é a falta de pintura de sinalização no asfalto e das placas nas laterais, além da vegetação que invade a via. A trafegabilidade piora ainda mais em dias chuvosos. Canêz explica que o asfalto está em melhores condições apenas nas proximidades da BR-290, em Pantano Grande.

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Precariedade dos reparos no eixo sul da estrada, aliada à falta de sinalização e à vegetação que invade a pista, testa a perícia dos motoristas e atrasa a chegada das cargas


A preocupação aumenta com a proximidade do início do escoamento da safra de soja, procedente do Norte do Estado, em direção ao Porto de Rio Grande, a partir de abril. “Se não houver melhorias antes, o aumento do tráfego dos caminhões carregados vai liquidar com o asfalto”, afirma Canêz.

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Mas observa que a colheita do arroz já intensificou o trânsito de caminhões com a transferência do produto para silos em diversos municípios do Estado. Explica que a deterioração da rodovia começou há dois anos e o material dos tapa-buracos dura pouco tempo. O diretor regional do Setcergs destaca que a precariedade da estrada causa prejuízos com danos nos pneus, suspensões, molas, iluminação e outras partes dos veículos, além de aumentar o tempo de viagem.

O trajeto reduz em 110 quilômetros a distância entre os municípios da região do Vale do Rio Pardo e o Porto de Rio Grande em comparação ao itinerário pela RSC-287, BR-386 e BR-116. Apesar da precariedade da RSC-471, Alaor Canêz afirma que não adianta o desvio por outras estradas, pois aumenta o custo com combustível.

Além disso, o asfalto na BR-290 até Eldorado do Sul também apresenta problemas de manutenção. Um dos objetivos da construção do eixo troncal foi ajudar a diminuir o fluxo de veículos na BR-116, entre Eldorado do Sul e Pelotas, além de servir de alternativa para os automóveis que trafegam pela ERS-400 e RSC-481, no Centro-Serra, e se dirigem em direção à Zona Sul do Estado.

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Situação testa a paciência e atrasa a entrega de cargas

Trabalhador da estrada há mais de 17 anos, o caminhoneiro Itamar da Silva Soares, de 48 anos, relata que o descaso com a condição das estradas afeta também o rendimento de quem transporta cargas pelas rodovias do Estado. Em seu caminhão, ele leva carregamentos de madeira até o Porto de Rio Grande e ressalta que, em decorrência dos buracos nas rodovias, chega a demorar uma hora e meia a mais para fazer o trajeto entre Encruzilhada do Sul e a Zona Sul do Estado.

Soares: uma hora e meia a mais para fazer o trajeto entre Encruzilhada e a Zona Sul


Como as empresas que recebem o material muitas vezes têm horários fixos, não é incomum o motorista perder o horário em virtude da demora em chegar em seu destino por ter que desviar dos buracos na estrada. “O percurso que eu faria em três horas e meia até Rio Grande, às vezes demora cinco horas, por causa da estrada. Para o caminhoneiro, tempo é dinheiro”, diz. Segundo ele, muitas vezes se perde a carga por causa do horário, mas há semanas em que duas cargas são perdidas.

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O trecho da RSC-471 até Encruzilhada do Sul, percorrido pela Gazeta do Sul nessa quinta-feira, 18, recebeu melhorias há poucos dias, segundo moradores da região. Apesar de os reparos terem amenizado a situação da rodovia, já é possível notar falhas no recapeamento, que começa a abrir buracos.

Ondulações nas margens da estrada devido ao intenso fluxo de caminhões também são um problema para quem usa a via, segundo o caminhoneiro Itamar Soares. “É muito perigoso. O caminhão carregado que passar muito rápido nessas ondulações pode até virar”, destaca o motorista.

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Problemas também no eixo norte

O eixo norte do corredor de exportação, formado pela ERS-412 e pela RSC-153, entre Santa Cruz do Sul e Soledade, também preocupa os motoristas. O diretor regional do Setcergs em Santa Cruz do Sul, Alaor Canêz, disse que passou pela rodovia há pouco mais de 20 dias e constatou muitos buracos em vários trechos até Barros Cassal. O restante do trajeto, até Soledade, está em melhores condições.

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As obras de construção do último trecho do eixo norte da rodovia, entre Santa Cruz do Sul e Barros Cassal, com 111,6 quilômetros, foram inauguradas em dezembro de 2010. A conclusão do último segmento do novo corredor de exportação diminuiu em 110 quilômetros a extensão desde o Norte do Estado, passando pelo Vale do Rio Pardo, com destino ao Porto de Rio Grande, se comparado ao itinerário pela BR-386 e BR-116. Com isso, a rodovia concentra grande fluxo de caminhões com o escoamento da produção de grãos de Passo Fundo e outros municípios dessa região, além do transporte de insumos.

Nos últimos anos, o aumento de buracos na rodovia começou a causar transtornos aos motoristas. A manutenção se limita praticamente a operações tapa-buracos, com pouca durabilidade. Os problemas de segurança aumentam ainda mais com a pouca largura dos acostamentos nas laterais ao longo da estrada.

Intervenções

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que as demandas de manutenção da RSC-471 e da RSC-153 são atendidas por duas superintendências regionais (SR) diferentes da autarquia. A primeira é de responsabilidade da 7ª SR de Pelotas e a segunda da 3ª SR de Santa Cruz do Sul. Para a RSC-471, entre Pantano Grande e Canguçu (principalmente entre Encruzilhada do Sul e a BR-392), segundo a assessoria do Daer, está sendo viabilizado um contrato para que, em até 30 dias, comecem intervenções de tapa-buracos.

Já no segmento da RSC-153 que vai de Santa Cruz do Sul a Barros Cassal, acontecerão as obras assim que o contrato de conservação rotineira da regional for renovado e forem liberados os recursos. Além disso, conforme o Daer, a SR tem feito operações tapa-buracos por meio de administração direta.

* Colaborou o jornalista Otto Tesche.

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