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MERCADO

O que atrapalha o surgimento de mais startups em Santa Cruz do Sul

O mercado tem ciclos de valorização de determinados tipos de empresas. Atualmente, muito tem se falado nas startups. Elas são organizações criadas com potencial de escalabilidade, ou seja, que consigam ampliar a produção sem aumento de equipe, por exemplo, e com potencial inovador, tanto para novos produtos ou serviços, quanto para mecanismos para dinamizar processos. Esse modelo tem enfrentado alguns problemas em Santa Cruz do Sul.

Diferentemente do que se pode imaginar, startups não são, obrigatoriamente, vinculadas ao jovem ou à tecnologia. O vice-presidente institucional da Associação das Empresas da Tecnologia da Informação dos Vales (ATIvales) e proprietário da Idealogic Software, Eduardo Kroth, destaca que se trata de uma empresa que pensa fora do tradicional. Essa forma de agir diferente e criar interesse no mercado, capaz de representar retorno financeiro, motivou pessoas a empreenderem. Mas elas barraram em um problema crônico para os empresários: o financiamento.

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“A minha empresa foi uma das três primeiras incubadas. Vi muitas outras tendo que parar por falta de recursos, de investimento”, conta Kroth. Ele ressalta que existem meios de incentivo para as startups, mas que ainda não fazem parte da realidade de Santa Cruz do Sul. “Em Santa Maria existe uma aceleradora (grupo formado por investidores interessados em dar suporte financeiro para startups), que tem filial em Lajeado, mas aqui ainda não temos esse tipo de apoio”, exemplifica.

Uma outra forma de colocar recursos e fazer o negócio render é o investidor-anjo, que aplica verba nas startups com período definido para o retorno do investimento e término da parceria, com a definição de percentual de rentabilidade, sem que isso represente participação societária.

A falta de dinheiro não é o único problema. Muitas vezes, explica Kroth, os empreendedores devem aguardar algum tempo para ter o retorno. Enquanto isso, as empresas de tecnologia da informação (TI) procuram profissionais qualificados e pagam bem. “Com a mão de obra escassa na área da tecnologia da informação, essas pessoas que poderiam empreender acabam indo para empresas, ganhando um bom salário. Podem ser contratados do outro lado do mundo, em dólar, sem sair de Santa Cruz do Sul.”

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Foco
Os empreendedores da região vêm se dedicando ao foco produtivo do vale: o agronegócio. Dentre as incubadas na Itunisc, sete são direcionadas ao setor primário. Outra área que tem potencial é a saúde.

Pensando em incentivar a ideia inovadora, foi criado em Santa Cruz o Ecossistema Local de Inovação (ELI). É integrado por representantes da quádrupla hélice da sociedade: poder público, instituições de ensino, empresas e entidades. “Ainda é uma ação embrionária, mas começa a ganhar forma na cidade o desenvolvimento de uma visão de inovação”, afirma o vice-presidente corporativo da ATIvales, diretor de inovação da Associação Comercial e Industrial (ACI) e CEO da DokaLab, Rogério Augusto Pereira.

Ele lamenta a falta de incentivos financeiros para as startups, mas entende que deve ser feito algo focado no mercado local. “Houve interesse de montar algo semelhante ao que tem em Santa Maria e Lajeado, mas o perfil dos nossos empresários é diferente”, justifica. Pereira acredita que o ideal seja a partir da instituição de um fundo destinado a fomentar a inovação.

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Vitrine
Uma das possibilidades de captação de investidores é estar na vitrine. A Incubadora Tecnológica da Universidade de Santa Cruz do Sul (Itunisc) é um desses exemplos. Ela não aplica recursos, não se torna sócia dos empreendedores, no entanto, além de servir como espaço físico e de suporte técnico, organiza eventos com empresas que podem utilizar serviços ou produtos das incubadas. Dois estão programados para logo: Desafio Corsan, que é um encontro entre a Companhia Riograndense de Abastecimento e as startups; e Demoday Sebrae, em que apresentam suas ideias para possíveis investidores.

Coordenador dos Ambientes de Inovação da Unisc, Rafael Kirst reforça a importância de uma estrutura como a Itunisc. “A incubadora não pode ser vista apenas como um espaço barato. O mais importante é a mentoria, a qualificação, a preparação para o futuro”, ressalta. Ele entende que há muito potencial e que os possíveis empreendedores podem contatar, pois existe um edital permanente. “Não precisam ser apenas ideias inéditas. Elas devem ser inovadoras. Muitas vezes, na ânsia de buscar unicórnios, perdemos ótimas oportunidades de incentivar bons cavalos crioulos”, compara.

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Fernando, Luís Augusto e Cristhiano: novidade no campo

Um aplicativo que ajuda a tomar decisões na agricultura
Uma das empresas incubadas na Itunisc é a POD Hard Sell, uma abreviação de Planejar, Organizar, Desenvolver máquinas de venda. Criada pelos sócios Luís Augusto Souza, Fernando Collares e Cristhiano Ghellen, passou a integrar o grupo de startups instaladas na Unisc em agosto. “Somos recentes, mas começamos com um passo adiante, pois já temos um MVP (da sigla em inglês minimum viable product), que vamos testar na próxima safra e observar os feedbacks”, conta Souza.

O MVP é uma espécie de protótipo, criado para testagens e para apresentar resultados que motivem investimentos para a produção em escala. Esse é um diferencial, pois em geral as incubadas começam de forma mais embrionária. “Buscamos esse conhecimento da universidade, pois havia muita dificuldade sobre como empreender, por exemplo. Quando é criado o aplicativo, não sabíamos como registrar, como se cria um CNPJ para área de tecnologia. São informações básicas que não chegam a todos, mesmo aqueles que já têm alguma empresa”, reforça Souza.

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O aplicativo desenvolvido pela equipe ajuda empresas e produtores a fazerem acompanhamento dos campos e terem relatórios para cruzamento de dados da lavoura, do experimento, das condições climáticas. Souza enfatiza que um produtor de tamanho médio, em duas semanas, tem que tomar mais de 100 decisões. “Com o aplicativo, terá poder de decisão e, dessa forma, economizar e ganhar mais dinheiro”, antecipa.

Estar em um ambiente de inovação, como a Itunisc, é considerado positivo, pois a universidade serve de vitrine, além de criar mecanismos, como as rodadas de negócios, de incentivo para que apareçam investidores, como aceleradoras ou investidor-anjo.

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