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RICARDO DÜREN

Seleção de histórias

Nos últimos tempos tenho lido e relido as crônicas que, desde o início de 2020, publiquei nesta coluna. O objetivo desse exercício é reunir uma seleção de textos para compor um livro com as melhores histórias protagonizadas pela nossa caçula, Ágatha, e seus irmãos. Isso mesmo, amigo leitor: as peripécias da traquinas e companhia vão virar livro.

Trabalhar nessa seleção tem sido uma tarefa desafiadora. Para quem é genitor – tanto dos protagonistas das traquinagens quanto dos textos – não é nada fácil decidir quais histórias entrarão no livro e quais ficarão de fora. Contudo, tal atividade tem sido divertida e nostálgica, ao proporcionar a mim e a Patrícia – que tem me ajudado na missão – lembranças de causos que, por força do tempo, da rotina e da sucessão de outros episódios, haviam sido esquecidos.

De certa forma, a tarefa mostrou-me que sou privilegiado por ter uma coluna semanal que me força a registrar as histórias da turminha lá de casa. É como se o arquivo com essas crônicas fosse um compilado de recordações, uma espécie de diário, que eu certamente não teria me dado ao trabalho de escrever se não fosse o compromisso de publicar a coluna.

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O mérito disso, cumpre lembrar, é seu, amigo leitor. Não estava nos planos produzir uma coluna semanal onde predominassem as peripécias e traquinagens de meus filhos. Mas então publiquei um causo da Ágatha, depois outro… e choveram pedidos para que eu escrevesse mais sobre a traquinas e menos sobre minhas opiniões e filosofias acerca dos mais variados temas de cunho epistemológico, transcendental e metafísico. Que seja, então. Pedido atendido!

***

Tem me chamado a atenção, nessas releituras, o quanto a pandemia impactou na vida das crianças. Em abril de 2020, por exemplo, abordei na coluna uma lista de atividades, escrita à mão pelas gurias lá de casa, com atrativos para passar o tempo na enfadonha quarentena. Entre as metas elencadas na lista constavam:

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  • Desenhar.
  • Jogar boliche na sala.
  • Andar de bicicleta em círculos, no quintal.
  • Corrida de saco.
  • Corrida ao estilo saci-pererê (ou seja, com um pé só).
  • Festa do pijama.

Conforme relatei na época, resolvi também acrescentar à lista algumas atividades que, por motivos óbvios, não apareciam na versão original das gurias:

  • Arrumar os quartos.
  • Secar a louça.
  • Varrer.
    E, depois desse adendo, a lista misteriosamente desapareceu.

***

Em outra crônica consta um acirrado debate que travei com a caçula, que insistia em darmos um passeio em pleno período de isolamento social, pois não aguentava mais ficar em casa. Ciente dos perigos, na época mais crítica da pandemia, Ágatha argumentou que, para evitar contatos sociais, poderíamos fazer uma expedição em alguma floresta, munidos com facões, botas, chapéus e repelentes contra os mosquitos.

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– Duvido que o coronavírus seja tão corajoso de entrar na selva – ela argumentou.

Mas não me convenci de que a atividade seria segura e sugeri que fizéssemos tal expedição no quintal de casa. Ideia que não agradou à traquinas:

– O quintal não tem mais graça. Já conheço tudo ali. Cada árvore, cada folha, cada formiga… E não tem nenhum animal selvagem para vermos…

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Lembrei-a então que, meses antes, nosso quintal havia sido visitado por um imenso lagarto – que, surpreendido pelas crianças, foi-se embora com aquele estranho rebolado característico dos lagartos quando em fuga. (Na verdade, o lagarto debandou para um lado e as crianças, assustadíssimas, para o outro.) Argumentei que, com um pouco de sorte, talvez topássemos com ele novamente – ou seja, havia, sim, chances de encontrar um animal selvagem no quintal. Mas Ágatha observou que, desde aquele fatídico encontro, o lagarto nunca mais apareceu lá em casa. E presumiu:
– Também deve estar de quarentena…

***

E assim foi se sucedendo uma série de causos e atividades lá em casa (corridas de pneus, pilotagem de pipas de sacola, guerrinhas de barro e até perigosas experiências gastronômicas) que aconteceram, talvez, por força da quarentena. Até que, enfim, a pandemia foi arrefecendo e a vida foi voltando ao normal – se bem que, com essa turminha de peraltas lá de casa, não creio que normal seja a expressão mais adequada.

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Enfim, nesta releitura de minhas crônicas concluí que, de certa forma, a pandemia acabou deixando as crianças mais fortes, mais talhadas a enfrentar rigores com os quais minha geração não esteve acostumada. O leitor pode tirar suas próprias conclusões sobre isso, quando o livro estiver nas bancas.

E, enquanto isso, pode também dar uma conferida em meus livros anteriores, no blog livrosdoricardo.wordpress.com. Fica o convite.

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