Na década de 60 saí de Trombudo, hoje Vale do Sol, e vim morar em Santa Cruz. Nasci em 1950 e deveria ter entre dez e doze anos quando tive que enfrentar o choque cultural de viver na cidade. Os guris da minha idade que moravam em Santa Cruz já eram mais evoluídos e desobedientes para o meu padrão de educação interiorana.
Voltando às minhas histórias do interior. Confesso que fui um bom aprendiz de colono, convivendo com meus amigos e colegas de escola e frequentando suas casas. Falava fluentemente o alemão. Aprendi na marra. Na nossa casa a gente se comunicava em português.
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Para chegar à lavoura de fumo, atravessávamos o potreiro da família Giehl, em cuja planície havia um pequeno riacho, que servia de bebedouro para os animais criados na propriedade. Porém, logo adiante os bois sofriam para subir o cerro acentuado que havia no caminho que levava às plantações. Ainda bem que a carroça subia vazia.
Enquanto os pais e os irmãos mais velhos colhiam o fumo, os guris corriam ao mato das proximidades e caçavam passarinhos com seus bodoques, que sempre estavam pendurados no pescoço, além do inseparável saco de pedras, munição indispensável para matar os pássaros ou algum preá que atravessasse nosso caminho.
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A gente aprendia a trabalhar, mas sem aquela rigidez que alguns podem pensar. Aprendemos a importância do trabalho na vida das pessoas, mas tínhamos muitas horas para brincar. Caçar, jogar bolitas, correr atrás das nossas argolas de ferro, montar nossos cavalos de taquara e brincar de bandidos contra mocinhos. No verão, tomar banho no Arroio Plums era nosso grande prazer.