O mundo vive um momento de evolução absurda, quando o assunto é avanço da tecnologia. Aquilo que somente figurava em filmes de ficção científica ou desenhos animados passa a ser realidade, fazendo com que o computador seja algo do passado, tendo o lugar assumido pelo smartphone, que já está com sua expectativa de vida superada. A internet das coisas está aí para sepultar a utilidade desses aparelhos que insistem em não sair de nossas mãos. As casas, as cidades, os veículos, todos estão inteligentes de uma forma que passam a servir aos seus proprietários como nunca dantes.
Todo esse desenvolvimento leva a crer que o ser humano acompanhou a evolução dos equipamentos. Ledo engano. Há, ano a ano, um retrocesso, que faz pensar que logo a humanidade voltará à era das cavernas, mesmo morando em confortáveis habitações, rodeadas de tecnologia e, em alguns casos, luxo. A facilidade de saber o que acontece no outro lado do mundo, de acessar qualquer pessoa em qualquer lugar, não chegou aos costumes. As pessoas ainda se acham no direito de condenar os hábitos e crenças dos demais.
Banalidades são aceitas e incentivadas, enquanto o culto religioso, indiferentemente do credo – e até a falta de credo –, é açoitado pela língua venenosa daqueles que, muitas vezes, se dizem cristãos. Há uma dificuldade para seguir os preceitos básicos apresentados e defendidos por Cristo, de que todos devem ser aceitos, de que só os que não pecam podem atirar a primeira pedra. Não faltam exemplos de quem coloca a Bíblia sob o braço, pregando o Novo Testamento e praticando o Velho.
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Atacar templos, terreiros, salões, aldeias pelo simples fato de não dividir a mesma crença é algo tão baixo, que evidencia a ignorância humana. Foge do racional. Anda bem longe da ideia pregada por John Lennon, em Imagine: “Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz”. Qual a dificuldade para aceitar isso? Por que incomoda tanto o sino da igreja, a ação das benzedeiras, o som do tambor no terreiro e, ao mesmo tempo, é tão natural ver o uso de drogas, as armas, a violência e a bebedeira descontrolada nas noites dos fins de semana?
Ah, mas a culpa de as pessoas não conseguirem dormir é do centenário sino; as enchentes assolaram o Rio Grande porque o Estado é cheio de terreiros; as mulheres tinham que ser queimadas em praça pública porque receitavam chás; as coisas ruins acontecem porque Deus quer punir os humanos. A sequência de barbaridades não tem fim. Lembra e faz refletir o ponto da Maria Mulambo: “Foi condenada pela Lei da Inquisição, para ser queimada viva, Sexta-feira da Paixão”. O mundo reedita as fogueiras da Inquisição, queimando crenças e fé em plena era da internet das coisas.
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