A importância de comunicar direitos e deveres

“Não usa esses termos jurídicos que eu não entendo.” A frase, que ouvi numa conversa rotineira, vai ser o tema da minha coluna desta edição. Ingressei no curso de Direito em busca de entender conceitos que pareciam distantes. Mas, para quem estuda ou trabalha no ramo, palavras como “acórdão”, “prescrição” e “trânsito em julgado” se tornam rotina. A problemática disso é que para a maioria da população, soam como um idioma estrangeiro.

Se a justiça fala uma língua inacessível, como esperar que os principais sujeitos dos direitos e deveres tenham acesso a ela? O famoso “juridiquês” mantém a lei distante de quem deveria ser o seu principal beneficiário.

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Com o curso em andamento, percebo cada vez mais a importância do entendimento da lei, do Estado e do funcionamento de órgãos públicos. Mas minha formação em jornalismo também me alerta para o tipo de jurista que eu quero ser. Aquele que sabe a teoria, mas principalmente sabe compartilhá-la. Isso porque o meu papel, enquanto imprensa, é traduzir. Não somos especialistas em Medicina, Economia ou Engenharia – somos mediadores. Ouvir as fontes, entender os conceitos e devolvê-los ao público em uma linguagem simples é a nossa missão. Quando se trata de justiça, acredito que essa função ganha ainda mais relevância.

De nada adianta, para um juiz ou advogado, dominar a técnica se a população não sabe como acessá-los ou acreditam que este mundo está longe demais deles. Enquanto o Direito falar para poucos, continuará servindo a poucos.

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A boa notícia é que essa barreira já começa a ser desconstruída. Muitos juristas usam redes sociais e palestras para traduzir o Direito de forma clara e acessível. Esse é um convite para os estudantes e profissionais do Direito: o que aprendemos na faculdade é poderoso, que compartilhemos esses conhecimentos no dia a dia, nas redes, no meu caso, por reportagens. Traduzir os direitos é mais do que simplificar palavras difíceis. É abrir caminho para que a população participe ativamente da vida pública, questione, cobre e mude.

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