Ao cabo do segundo ou terceiro dia de confinamento, as gurias lá de casa decidiram elaborar e anotar no papel uma gama de atividades a serem realizadas ao longo desse período. Creio que a iniciativa partiu da Yasmin, muito dada a planejamentos e metas. A lista começava com atividades relativamente simples, tais como:
Desenhar com lápis.
Desenhar com canetinha.
Desenhar com tinta têmpera.
Jogar boliche na sala.
Andar de bicicleta em círculos, no quintal.
Corrida de saco.
Corrida ao estilo saci-pererê (ou seja, com um pé só).
Festa do pijama.
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Preparar um bolo de chocolate.
Fazer brigadeiro de panela.
Preparar e assar cupcakes.
Nestes casos, a lista deixava implícita a deliciosa tarefa de também consumir tais experimentos gastronômicos depois de prontos.
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Arrumar os quartos.
Secar a louça.
Varrer.
Como nenhuma teve a iniciativa de anotar tais atividades, me ofereci para fazê-lo e perguntei pela lista. Informaram-me que, misteriosamente, a lista havia desaparecido.
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– E atenção: Ágatha toma posição, coça o bumbum, lança a bola e… que jogada horrível, que fiasco! Só três pinos derrubados! Certamente, o arremesso mais feio da temporada!
Tivemos que fazer as vezes de seguranças para conter um iminente ataque à cabine de transmissão, instalada sobre o sofá.
***
Dias depois, reuniram-se para uma rodada de Banco Imobiliário. Deixaram os adultos de fora da partida, sob argumento de que o mercado estava muito saturado. Disfarçando, fiquei acompanhando de longe.
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Com auxílio de vários lances de sorte nos dados, e com uma dose generosa de ousadia, Ágatha realizou uma série de bons negócios. Comprou, pagou, colocou para alugar.
Estava ficando milionária quando as irmãs, sob os mais diversos pretextos, deram a partida por encerrada, temerosas ante o monopólio que se formava. E Ágatha deu a um velho ditado uma nova versão: azar no esporte, sorte nos negócios.
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