Uma das tarefas mais difíceis é ensinar sobre a verdade para os filhos. Parece óbvio que é preciso legar um compromisso ligado à necessidade de ser leal, honesto e jamais mentir. A convivência social, no entanto, mostra aquilo que muitos chamam de hipocrisia, conceito bastante difícil de demonstrar com clareza aos nossos herdeiros.
A hipocrisia é uma espécie de mal necessário para viabilizar as relações humanas. Já pensou como seria o mundo se todo mundo dissesse a todos o que realmente pensa dos demais seres humanos? Ao mesmo tempo, os pais precisam ensinar a importância de ser correto, e isso diz respeito à verdade.
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É sagrado o ditado de que é preciso ser exemplo para cobrar um comportamento correto dos filhos. No caso de dizer a verdade, essa imposição torna-se um desafio quase impossível de ser cumprido. Virou folclore a história do neto que, com a chegada da avó, disparou as seguintes palavras, sem hesitar:
– Oi vó, que bom que tu veio. Mas o meu pai sempre diz que tu é uma velha chata, ranzinza e que passa todo o fim de semana reclamando e falando mal dos outros…
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O neto está apenas verbalizando os ensinamentos repetidos à exaustão pelos pais que clamam pela verdade e, paralelamente, falam mal da vida alheia. A maneira certa de proceder nesses casos é uma dor de cabeça, espécie de prelúdio da convivência social para quando nossos filhos deixarem de ser crianças para enfrentar as agruras da rotina.
Com o tempo, aprendemos a usar de moderação no momento de cobrar a verdade absoluta. A criança, com o amadurecimento inexorável, assimila a importância de ser seletiva em suas observações. Vivemos uma cultura que supervaloriza a ostentação – principalmente através das redes sociais –, celebra hábitos descartáveis – inclusive das relações – e comemora a overdose de exposição. Por isso, talvez seja ainda mais necessária a parcimônia ao ensinar sobre a “medida certa da verdade”.
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