A última terça-feira foi um dia histórico para Santa Cruz do Sul e região. Enfim, as primeiras doses da vacina contra a Covid19 chegaram. Acompanhei e contei ao vivo para a Rádio Gazeta e para o Portal Gaz o momento em que os imunizantes estavam aqui. Naquela hora, mantive a discrição e priorizei as informações. Depois que a transmissão encerrou, me permiti comemorar.
Não escondo minha felicidade com este início da campanha de vacinação. Não disfarço a alegria de ter visto as primeiras moradoras do município recebendo uma injeção de esperança. Fico pensando nos sacrifícios enfrentados pela enfermeira Jucelaine, a primeira vacinada. Desde que a UTI Covid foi instalada, no Hospital Santa Cruz, ela está lá. Um trabalho na linha de frente. Imagino que ela esteve nas batalhas em que o coronavírus foi vencido e também testemunhou algumas vidas perdidas para o inimigo. Em quase um ano, suponho que tenha reduzido o convívio com familiares e amigos, para protegê-los e a si mesma. Acredito que houve em que pensou que seria vencida pela exaustão do trabalho, pelo psicológico pedindo um descanso. Tantos outros profissionais de saúde devem ter experimentado essas sensações.
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É inegável que nossas vidas mudaram com a pandemia. O sofrimento, infelizmente, tem marcado presença em muitos momentos. Está nas famílias que precisaram se despedir de entes queridos, pessoas amadas e que tiveram as vidas abreviadas pela Covid. Está nos empregos perdidos, na fome sentida e na incerteza do amanhã. Está no empresário(a) que precisou desligar trabalhadores, que precisou fechar as portas, que precisou desistir do próprio sonho. Está na vida de quem teve o psicológico fortemente agredido pela solidão, pela angústia e pelo que é mais singular ao ser humano: as trocas com os nossos afetos.
A vacina não acaba com tudo isso. Levará um tempo até a chamada imunização de rebanho. Os problemas do mundo também não estão concentrados somente na pandemia, não sejamos rasos. Porém, a vacina traz um sopro de esperança para algumas dessas situações. Faz parte do meu trabalho e de meus colegas noticiar os fatos. No ano passado e neste início de ano, não foi fácil lidar com tantas notícias ruins. Mas não podemos esconder ou maquiar os acontecimentos. Com méritos à ciência e às pessoas que trabalharam duro no desenvolvimento da vacina, vejo nela a chance de trazer mais boas notícias. Por isso, após longos meses tendo de contar, por força do ofício, inúmeros acontecimentos tristes, fiquei tão feliz nesta semana. Definitivamente, foi a melhor pauta dos últimos 11 meses.
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