Neste domingo, 10, Santa Cruz do Sul celebra dois importantes momentos: as comemorações de Dia dos Pais e o encerramento da 35ª Feira do Livro e 1ª Festa Literária Internacional. Ambos prometem levar as pessoas para a área central do município, aquecendo as compras no comércio e também nas bancas instaladas na Praça Getúlio Vargas.
Os dois eventos têm algo em comum além do caráter comemorativo. Por diversas vezes, a literatura abordou, em diferentes gêneros, o tema da paternidade. E grandes autores clássicos usaram a escrita para expressar os seus sentimentos, sejam eles a angústia ou a felicidade, quanto às relações entre pais e filhos.
Há ainda aqueles em que os pais acabam sendo protagonistas na tentativa de refletir sobre o papel que exercem, como mostram as sugestões a seguir.
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“Você me perguntou recentemente por que eu digo ter medo de você. Como sempre, fui incapaz de pensar em qualquer resposta, em parte pelo medo que tenho de você, e em parte porque explicar as razões desse medo significaria entrar em detalhes tão numerosos que não consigo mantê-los em mente enquanto falo.”
É com esse parágrafo que Franz Kafka inicia Carta ao pai. A obra escrita pelo autor de O processo elabora, aos 36 anos, um depoimento que jamais seria entregue ao seu pai, Hermann. Nele, o autor de A metamorfose é honesto ao retratar os traumas da infância e a relação entre os dois. Apesar de expor momentos conturbados e em certos trechos, um clima de confronto, há também um notável esforço de reconciliação por parte do escritor.
O escritor chileno Antonio Skármeta, patrono da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul em 2012 e entusiasta da cidade, é o autor desta obra que evidencia a ausência da paternidade. Em Um pai de cinema, Jacques é um professor em um pequeno povoado que foi abandonado por seu pai, um forasteiro francês.
Marcado pela dor, o personagem passa por uma importante reviravolta ao visitar pela primeira um bordel da cidade vizinha. Inicia-se uma belíssima e tocante jornada, na qual Skármeta explora as relações familiares e expressa seu amor pela sétima arte. A obra foi adaptada para o cinema, com o título O filme da minha vida, dirigido por Selton Mello, após Skármeta manifestar aqui em Santa Cruz o interesse em uma película feita pelo ator. Posteriormente, a parceria entre os dois seria efetivada justamente na cidade.
Do caos à reconciliação, a obra de Scliar tem como protagonista Pedro, que vê o pai, um vereador, ser cassado por corrupção. Ele é obrigado a mudar de Estado e abandonar seus amigos e a namorada.
Porém, no que parecia um inferno na terra, o garoto é forçado a conviver com o pai, com quem tinha péssima relação e do qual estava distanciado por anos. O reencontro torna-se uma bela lição, marcada por reviravoltas e pelo desejo sincero do pai de mudar e ser uma pessoa melhor diante do arrependimento.
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Diante da difícil jornada como crítico de cinema, o escritor David Gilmour lida com os problemas financeiros e as dificuldades que o filho enfrenta no Ensino Médio. Então, encontra uma saída um tanto quanto inusitada para educar o adolescente de 15 anos: sair da escola, sem precisar trabalhar ou pagar aluguel, desde que assista semanalmente a três filmes indicados pelo pai.
Estava formado o clube do filme, uma maneira não convencional de recuperar a formação do jovem perdido. A cada semana, pai e filho assistiam ao melhor e ao pior da sétima arte, em sessões marcadas por diálogos sobre amizade, drogas, trabalho, música e outras situações.
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