Romeu Neumann

A quem interessa essa briga?

No momento em que preciso finalizar este artigo para enviá-lo a tempo para a Redação, o País está estarrecido diante de uma crise que, de repente, se instalou em todos os escalões e segmentos da sociedade, de impactos e abrangência incalculáveis, motivada por… Bem, aqui já começa a confusão.

O que temos de concreto é que dois países – Brasil e Estados Unidos – que se inserem no mesmo continente americano, que sempre foram aliados e que, juram, têm na defesa da democracia, do estado de direito e da liberdade os seus valores máximos, de hora para outra se colocam em lados opostos. Inclusive com ameaças de retaliação, a começar pela imposição de sanções sobre importações.

Perplexidade. Talvez essa seja a palavra que melhor resume o que os cidadãos – daqui e de lá – estão sentindo. Sim, porque o cidadão que trabalha, produz, investe não liga para arroubos megalomaníacos. Até que essa insanidade vem bater na sua porta e ameaça o seu emprego, o seu negócio.

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As impressões que tenho colhido, aqui onde me encontro, longe de Santa Cruz, como junto a pessoas de minhas relações nos Estados Unidos – e que não vamos ler e nem assistir na grande mídia, porque esta vive de narrativas já previamente articuladas – é que esse imbróglio é de uma irresponsabilidade chocante. De ambos os lados.

De quem é a culpa? Bom, aí começa uma briga paralela, que desce do ringue e avança para a torcida. Tenha a certeza, não será difícil encontrar na mesma arquibancada pelo menos quatro visões distintas e que torcem por resultados bem diferentes.

1 – O culpado é o Bolsonaro e, por extensão, os que são fiéis a ele. Está claro – dizem – ele apelou junto ao amigo poderoso para que desse um tranco no seu adversário político e, dessa forma, turbinasse sua pretensão de se livrar da condenação já em curso no Tribunal Superior Eleitoral. Por tabela ainda imagina sair fortalecido com a tão sonhada punição aos seus algozes no Superior Tribunal Federal.

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2 – Nada disso! – ouve-se do grupo ao lado. – A culpa é do Lula e do seu antiamericanismo infantil, que ficou o tempo todo cutucando irresponsavelmente um sujeito poderoso, com assumidas convicções imperialistas. Não só não procurou Trump para uma conversa ao longo de seu terceiro mandato, como fez questão de flertar com notórios inimigos seus e da democracia no cenário mundial. Esperava o quê?

3 – Vocês não estão entendendo! – argumenta outra turma. – O pivô de tudo é o STF. Foi a forma (este tarifaço) que o Trump encontrou para enquadrar os ministros, que há tempos não disfarçam suas arbitrariedades contra opositores, assim rotulados os bolsonaristas, inclusive com censura e pesada punição a quem se alia a eles. Ele espera que a própria sociedade, acuada economicamente, exija que a Alta Corte coloque freios em suas incursões fora da lei.

4 – Nem Bolsonaro, nem Lula, nem STF. Essa maluquice, que está virando uma crise diplomática, só deve ser creditada ao Trump – sustenta outro bloco. – Ele faz isso toda vez que se sente contrariado. Como se acha o dono do mundo, usa o poder que tem para submeter quem está no entorno. Às vezes blefa, recua e faz de conta que nada aconteceu. Outras vezes aniquila quem o contraria.

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E agora? Quem ganha esta peleia?

Não sabemos. O certo é que esses quatro “times” estão em campo. E arrisco dizer que nenhum deles está realmente interessado com seu País. Eles miram outra coisa: Poder. Sempre mais Poder. O resto, inclusive a economia, é troco para suas pretensões.

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Ricardo Gais

Natural de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais, 27 anos, é jornalista multimídia no time do Portal Gaz desde 2023.

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