Muita gente não aprecia este período entre o Natal e Ano-Novo. Claro que as razões são sempre muito pessoais. Mas há algumas evidências de caráter coletivo. Trata-se de um momento depressivo pela natureza compulsória de felicidade que lhe atribuímos.
As circunstâncias se agravam haja vista a total apropriação dos festejos pelo comércio. Rendemo-nos à obrigação de trocar presentes (ressalva: esse comportamento está em mudança). E como a sociedade é profundamente desigual, as trocas restam perversas e contraditórias.
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Não é à toa. Vivemos o auge do desconforto pessoal. Nunca fomos tão narcísicos, tão individualistas.
Outro aspecto, que tanto combina com o Natal quanto com o Ano-Novo, diz respeito à privada e silenciosa autoprestação de contas. Ou então, agora pública e ruidosa – vide Facebook e outras redes sociais.
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Possivelmente, poucas alegrias e muitas frustrações, afinal, os atuais são tempos e valores diferentes, ditos hipermodernos, extremamente dinâmicos e variados. E inquietantes!
E à sombra (e assombrações) dessa inquietude e desconforto propagam-se as farsas e os lemas “querer é poder” e o “sucesso é ser feliz”. Falso ufanismo e realidade pessoal que se chocam e aumentam o número de inquietos e desconfortáveis. Tudo poderia ser mais simples se conjugássemos os verbos corretamente, priorizando o plural em detrimento do singular.
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