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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Abstenção no 1º turno é a maior em 16 anos

O alto número de abstenções – não comparecimento do eleitorado às urnas – nas eleições para a Prefeitura de São Paulo realizadas no domingo, 2, também se repetiu no restante do País. Enquanto na capital paulista 1,94 milhão de eleitores, ou 18%, não compareceu à votação do primeiro turno, em todo o Brasil 17,6% do eleitorado se absteve de votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a corte eleitoral, o número, que não engloba votos nulos e em branco, é o maior já registrado em primeiros turnos das eleições municipais desde 2000. Naquele ano, 14,99% do eleitorado se absteve de votar. O TSE, no entanto, não tem um sistema que identifique a razão das abstenções e, até a publicação desta reportagem, não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre esses dados. 

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Para o professor de ciência política da Universidade de São Paulo, José Álvaro Moisés, a análise dos dados de abstenção requer cuidados. Segundo Moisés, o fato de o TSE não avaliar com exatidão os motivos das ausências abre precedente para o que ele chama de “dedução aproximativa da realidade”.

De acordo com o cientista político, mesmo que as eleições municipais de 2016 já tenham em seu quadro eleitores com o cadastro biométrico – cuja adoção visa, entre outros fatores, atualizar cadastros antigos – parte das abstenções podem vir de erros nesse cadastro, como mudança de endereço do eleitor, ausência por motivos de trabalho e até morte.

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Moisés avalia ainda que as abstenções podem representar uma latente falta de interesse político por parte do eleitorado nos últimos anos. A obrigatoriedade do voto e o baixo custo da multa, cujo valor pode variar de R$ 1,05 até R$ 3,51 por turno ausente, confluem para um número maior de eleitores que deixam de votar com a ideia de ser contra a obrigatoriedade do dever cívico, diz.

Segundo ele, existe no Brasil um crescimento na descrença da população em relação a partidos políticos, o Congresso Nacional e quanto ao governo. “Cerca de 70% da população prefere a democracia como sistema político no País, mas essa mesma população está muito crítica com a forma como democracia está sendo conduzida no Brasil”, diz Moisés. “Em todas as pesquisas que fiz, o indicativo é que a corrupção é o maior problema identificado pelos brasileiros a respeito da democracia.”

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Na avaliação de Moisés, em um curto prazo, o crescimento no número de abstenções não gera consequências graves, mas representa uma “deslegitimação de algo que é importante para a democracia, que é o voto”. Segundo ele, o aumento de ausências significa um número maior de pessoas que não se importam com o voto. “Temos que nos preocupar para que isso não se torne uma bola de neve”, afirma.

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