A época de confinamento é um teste inédito para os nervos. Não existem números referentes às doenças mentais. Estimativas de especialistas, no entanto, fazem prever o iminente aumento de enfermidades como depressão, estresse, transtornos alimentares e somatização, entre outras.
Ouço críticas às pessoas que saem à rua, indo a parques e praças ou apenas – como eu – fugindo para o supermercado e passeando com o cachorro. Tento me colocar no lugar de quem reside em imóveis de dimensões reduzidas e/ou convive com várias pessoas. Isso, conforme o “politicamente correto” do momento, chama-se empatia, ou seja, colocar-se “no lugar do outro”.
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Geladeira cheia, casa grande e possibilidade de curtir “lives”, séries de tevê amenizam os impactos do “fecha tudo e fica em casa”. Ao mesmo tempo, porém, embaça a visão imparcial, aconselhável para equilibrar argumentos e compreender os semelhantes.
Desde o dia 20 de março estou “de molho”. Tenho o privilégio de trabalhar em casa com computador, celular, instalações confortáveis e conexão com os colegas de trabalho. A jornada é muito mais intensa com o home office, que começa às 8 horas e se estende até à noite.
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A tecnologia, que nos mantêm escravos, permite proximidades assemelhadas à realidade. Um exemplo é ver o filho, a 2 mil quilômetros de distância, através de videochamadas pelo celular ou laptop. Claro que não é igual à presença física, mas aplaca a saudade, aproxima.
Resiliência, outro termo cunhado pela modernidade, cai feito luva para todos nós, obrigados a improvisar, tolerar, adaptar e buscar motivação para imaginar que poderemos, ali adiante, abraçar os afetos. Até lá, haja paciência e criatividade para driblar as tentações da tristeza.
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