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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Ágatha quer uma aliança

Sempre que começo a escrever para esta coluna, me ocorre que, como jornalista, deveria abordar assuntos mais densos e polêmicos. Poderia escrever que o País ainda vive tempos conturbados, que as tensões políticas ainda dividem as pessoas em polos extremamente opostos e que as redes sociais refletem esse momento através de postagens onde se ignora o mínimo de educação e respeito esperado de seres civilizados.

Poderia escrever sobre temas que me incomodam um bocado, como o avanço desenfreado da violência e da drogadição. Poderia escrever sobre a crise da saúde pública. Ou ainda, sobre as descobertas na área de estudos literários e midiáticos, decorrentes da minha pesquisa para o doutoramento. Entretanto, leitores insistem em exigir que escreva mais causos da Ágatha, nossa caçula de 6 anos. Argumentam que o fim de semana também pede uma leitura mais leve e descontraída, breve distração em meio às notícias mais pesadas. Então, vamos lá.

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– Quando for maior, vou arrumar um noivo. Mas, quando o padre perguntar, no altar, se queremos mesmo nos casar, vou responder que não.
– Mas por que tudo isso?
– Porque aí já terei recebido minha aliança.
– E não é mais fácil e correto ir até a joalheria e comprar?
– E se pode fazer isso, sem noivo?
– Claro.
– Hum… – e ficou matutando sobre essa nova perspectiva.

Como pai, ando me perguntando se ela realmente cogitou passar o pobre noivo para trás, só para obter um anel. Não condiz em nada com a educação que buscamos transmitir. Ocorre-me que Ágatha lança tiradas como essa só para testar nossas reações. É uma zombeteira. Penso que ela, apesar da tenra idade, é uma ironista, quase um Machado de Assis em minhatura.

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