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Além do chocolate

Nas últimas semanas, foi impossível entrar no supermercado e deixar de perceber as tradicionais parreiras repletas de ovos de chocolate de todos os tipos, preços e marcas. Tem aqueles com brinquedos para conquistar a criançada e os trufados que viraram febre, apenas para citar alguns exemplos. Nas vitrines, o coelho aparece sorridente e nas lojas de decoração ele é inspiração para deixar a casa enfeitada para as celebrações. Somos instigados por fotos de produtos artesanais que se multiplicam pelas redes sociais, fomentando um comércio informal que tem sido cada vez mais comum.

Neste ano, geraram debates as variações de preço dos chocolates, algo que parece estar ainda mais evidente. O motivo seria a crise enfrentada pelos grandes produtores mundiais, como Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, responsáveis por mais de 60% da produção de cacau que abastece a indústria nacional. Por lá, uma doença viral derrubou a produtividade pela metade.

O resultado é que, com uma oferta menor, a cotação do cacau disparou e a Páscoa vai ficar mais cara. E nós consumidores sentimos os efeitos além do bolso. O bombom já não tem o mesmo sabor dos últimos anos. Possivelmente, os ovos de chocolate terão uma concentração menor da sua matéria-prima principal. Quem trabalha com a produção precisa encontrar alternativas para não espantar os consumidores. Mas de qualquer forma, com uma boa dose de criatividade vai ter chocolate. Talvez não na quantidade de antes, por todos os motivos que envolvem esse mercado bilionário.

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Em Santa Cruz, a tradição dos ovos recheados de amendoim persiste e se renova. Famílias da cidade e interior dedicam horas para a produção dos doces e pintura das cascas. Nos últimos tempos, as ações de busca aos ovos se tornaram ainda mais populares, mobilizando crianças nas escolas e comunidades do interior. Lá em casa, há uns dois ou três meses todos os ovos consumidos tiveram que ser quebrados com cuidado para garantir as casquinhas que agora estão recheadas de cri-cri acompanhando a Osterabum.

Ainda tem os biscoitos de mel e especiarias em formato de coelhos e cenouras cobertos com glacê colorido, que preparamos para enfeitar os ninhos e adoçar o próximo domingo em família. Todos esses gestos e costumes são característicos da Páscoa, que ano após ano se renova com seu viés mercadológico.

Para além dos doces, a data celebrada no próximo domingo carrega consigo uma essência histórica, cultural e religiosa para os cristãos que deve prevalecer evidenciando valores que parecem estar um pouco fora de moda, como a solidariedade, compaixão e empatia. Quem sabe esta Páscoa seja a oportunidade para resgatar esses sentimentos?

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Dejair Machado de Oliveira é natural de Cachoeira do Sul (RS), onde iniciou a carreira jornalística em 2000, no Jornal O Correio, atuando nas editorias de geral, rural e política. Entre 2003 e 2005 respondeu pela edição geral do Jornal de Candelária, em Candelária, até transferir-se para a Gazeta do Sul onde teve passagem pelas editorias de geral, agronegócio, economia e política. Por cerca de uma década dedicou-se à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais da Gazeta do Sul atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Atualmente, é editor-executivo da Gazeta do Sul, encarregado de projetos estratégicos na empresa, gestão de equipes e edição do jornal impresso diário. Além da carreira jornalística, é advogado inscrito na OAB/RS sob o número 127.203 e exerce a profissão em escritório atendendo casos na área Cível, Família, Imobiliária e Empresarial. É membro da Comissão Especial de Proteção de Dados e Privacidade da subseção da OAB de Santa Cruz do Sul, com trabalhos relacionados à Lei Geral de Proteção de Dados.

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