Amigos

Depois de dez anos sem viajar no feriadão de Carnaval atendi aos repetidos convites de um casal, amigos de longa data, para o deleite à beira-mar. O balneário Praia Real, encravado a 10 quilômetros de Torres, é um pequeno conjunto de casas onde todos se conhecem. A presença de pessoas ou veículos estranhos gera um alerta que mantém a tranquilidade do lugar.

Dois outros casais compartilharam dos momentos de descontração que serviram como retiro para enfrentar o ano que, na prática, se inicia no pós-Carnaval. Muitas brincadeiras, descontração, churrascos em profusão, rodadas de caipirinha, canastra e jogo de general vararam as madrugadas onde valia tudo, menos mau humor.

O feriadão praiano serviu para resgatar antigas reminiscências onde os brinquedos eram construídos pelo meu avô, marceneiro de mão cheia, habilidoso e que realizava os desejos dos netos. Ou com uso de materiais caseiros – lata, papelão, barbante, cola de polvilho.

A característica de todos os parceiros de feriadão foi justamente a infância de poucas posses, muitas restrições, mas eivada de criatividade. Tempo de passatempos ao ar livre, de piqueniques de final de semana à beira do Rio Taquari, onde a convivência com familiares e amigos era diária, intensa e fraterna.

De volta ao trabalho, mais energizado e disposto, comprovo que as verdadeiras amizades, forjadas na infância e adolescência, servem de norte para o fortalecimento de valores que levamos para toda a vida. Conviver entre diletos amigos durante tantos dias ratificou em mim a certeza de que os bons momentos da vida têm valor quando usufruídos ao lado de pessoas que nos fazem bem, somam através de valores humanos e compreendem nossas limitações, sem cobranças.

O Carnaval, depois de tanto tempo, serviu para reencontrar afetos que lá atrás, na tenra idade, tiveram importância que hoje compreendo melhor. E que cada vez mais são protagonistas da minha trajetória.