Uma coisa é passar de cruzada por uma cidade; outra, morar nela, imergir.
Como já relatei, Santiago era diferente de tudo o que conhecera; nem pior, nem melhor: diferente.
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A Igreja Católica de Santiago era bem pequena (foi demolida e em seu lugar construíram uma de arquitetura futurista e, para mim, de gosto duvidoso). Bueno, mas voltemos à pequena Igreja. Ao entrar num domingo, pela primeira vez, tive uma surpresa. Só tinha mulher. Pensei: será que entrei na hora errada? Mas em seguida divisei, ajoelhado no primeiro banco, sozinho, um senhor de terno. Aproximei-me e reconheci o general Heraldo Tavares Alves, que comandava os quatro quartéis de Santiago.
Na hora do sermão, o padre Menegaz, bem jovem, sampou-lhe o pau nos “milicos” e na “ditadura”. E pau e pau! O general, que estava sentado, ajoelhou-se e começou a rezar em voz baixa. E eu, cerca de 20 anos mais jovem que ele, sussurrei-lhe: “General, faz de conta que o senhor está pagando uma penitência, mas fique frio”. E, de fato, o general quedou-se tranquilo.
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Outro fenômeno são os cemitérios de campanha. Só nos campos de minha família são uns quantos que persistem na solidão das taperas e os quais sempre mantenho cercados e limpos. Fiquei me indagando do porquê de tantas sepulturas nas lonjuras dos fundos de campo.
Cheguei à conclusão de que as pessoas não se dão conta de que as propriedades têm um ciclo e vão trocando de donos. Mas o dono acha que, depois dele, os filhos continuarão na ascendente e ainda mais: comprando mais e mais hectares. E deixam ordem para serem sepultados nalgum lugar que os encanta: no alto de um cerro, num fundo de campo, na beira do corredor. Ainda em vida, mandam construir os jazigos. Um, que fora dono de parte das terras que agora são nossas, até teria se deitado dentro do jazigo para ver se o tamanho estava certo.
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