Romar Beling

Antídoto contra a ignorância em forma de livro

Um dos pensadores mais lúcidos e sagazes dos dias atuais, o historiador inglês Peter Burke é sem dúvida avalizado a falar e a investigar o tema da inteligência, do conhecimento (e da sabedoria que estes devem gerar). De fato, Burke já escreveu bastante sobre os mais variados aspectos associados à busca de mais e melhor entendimento sobre a humanidade, sobre a vida e o mundo. O polímata: uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag, que lançou em 2020, está aí como uma prova dessa erudição diferenciada.

Mas se ele se ocupou da sabedoria, do saber, também se sentiu inclinado a investigar o contrário dela: o ignorar, ou desconhecer. Em livro que acaba de ser lançado no Brasil, nos convida a uma reflexão séria sobre por que tantas pessoas, quando poderiam saber ou entender, optam pelo oposto. Ignorância: uma história global, lançado pela editora Vestígio, em 368 páginas, com tradução de Rodrigo Seabra (a R$ 87,90), é mais uma contribuição valiosa desse intelectual que, aos 87 anos, afigura-se cada vez mais antenado e jovial do que nunca.

LEIA TAMBÉM: A árvore como uma obra completa que pode ser lida por nós

Publicidade

Um diferencial de todo estudo teórico, ou mesmo prático, está na capacidade de inovar a partir da tradição, e não descolado e desconectado dela, o que tem sido uma triste marca contemporânea, em que, não raro, o diálogo ou o intertexto são inexistentes. Burke escreve apoiado na memória e legado de gerações e gerações, desde o passado distante, para concluir que talvez nunca uma sociedade foi tão ignorante como a dos dias atuais.

LEIA MAIS DA COLUNA DE ROMAR BELING

Publicidade

Paula Appolinario

Share
Published by
Paula Appolinario

This website uses cookies.