Regional

Aos 45 do primeiro tempo

A partida de futebol só acaba quando o juiz dá o apito final, quando puxa mais fôlego e o silvo é prolongado e repetido, apontando para a linha que demarca o meio de campo. É nesse momento que o time vencedor respira aliviado, o torcedor demonstra a empolgação e transforma o grito de ansiedade em um brado de libertação. É o fim de uma espera angustiante e pode ser o indicador do rumo que o clube terá naquela competição.

O desempenho do grupo não precisa esperar esse apito derradeiro. No meio do período regulamentar e seus acréscimos, de acordo com os critérios do árbitro, é possível fazer ajustes. O intervalo, após os primeiros 45 minutos, é um tempo maior para que avaliações e orientações possam ser repassadas. Uma boa troca de esquema tático ou técnico pode fazer com que o resultado seja outro – bem diferente do projetado até aquele momento.

Não diferente de uma partida de futebol, na vida temos muitos momentos para reflexão até que seja dado o apito derradeiro. É impossível prever quando será concluído o primeiro tempo, mas a todo momento uma revisão pode significar placares bem mais vantajosos para o time da casa, no caso, você.
À beira dos 45 anos, em uma analogia também aos 45 minutos do primeiro tempo, posso dizer que a vida é como canta o Nego Veio, Alexandre Pires: “É tão maneiro, uai! É bom demais. Não tem como duvidar”.

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E, claro, teremos momentos como os descritos pelas gêmeas Maiara e Maraisa: “Amiga, cê tava bebaça, subindo na mesa, virando garrafa”. O importante é entender que, como disse o saudoso conterrâneo Eraci Rocha, “Tristeza que sinto se estou longe de onde está meu pago”. Esquecer suas origens é como o time abrir mão de treinar para entrar em campo. Pode até jogar, mas o passado mostrará que vence aquele que tiver maior preparo.

Assim, ciente de minha história, formo a devida carapaça para encarar os ataques da vida e, guardada a questão de gênero, replico Ana Castela: “Não vai ter frescurinha pra abrir porteira, e nunca nessa vida depender de macho”.

Dessa forma, “quando choro, se choro, é para regar o capim que alimenta a vida”, em um indicativo de que não devem mexer comigo – um ensinamento da grande Maria Bethânia. E se choro, e choro mesmo, o derramar de lágrimas não é grande, porque até “a mala é falsa, amor. Engole o choro, embora eu não vou”, ensinam Henrique e Juliano.

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Completar o primeiro tempo da vida, com todos esses devaneios e a possibilidade de fazê-los em um veículo com a grandiosidade da Gazeta, faz imitar Hugo e Guilherme (completando os shows da Oktober), e dizer: “alguém me chama pra beber”, nem que seja “pra falar mal de você”.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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