Foi uma quarta-feira de alívio. A PEC da Impunidade, que blindava deputados e senadores de sofrer processo criminal, acabou arquivada. Olho para o céu de um belíssimo azul nessa tarde de primavera e me sinto otimista.
Vivemos em uma época estranha. Às vezes, a única forma de manter a sanidade é focar nas pequenezas cotidianas, nos afetos, nos projetos individuais e, por que não, desligar do que acontece para além da porta. Às vezes.
Eu escrevo. E escrevendo, me encontro. Este texto, escrevo para os que ligam. Independente de lados. Conservadores, progressistas, centro-isso, centro-aquilo, céticos preocupados. Gente que acredita em uma responsabilidade coletiva. Que se percebe como cidadão de uma comunidade, um país, um planeta chamado Terra.
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Escrevo também para os que não ligam. Os que não estão nem aí. Os que têm problemas demais e tempo de menos para pensar nos rumos da humanidade. Os que se frustraram. Os que acham tudo isso “um saco”. Aqueles nos quais predomina a sensação de que política e assemelhados não valem a pena. E assim vamos. Cada um no seu galho.
Escrevo porque preciso. E porque ando de coração apertado com o Brasil. Com o mundo. A vida hiperconectada consome nossos dias. Informação instantânea. Desinformação também. Demais. É como se todos os monstros tivessem saído de casa. Como se tudo o que há de mais feio em nós estivesse na rua. Sem vergonha alguma. Deslavada e descaradamente sem escrúpulos. Arre.
Penso na cena, e ela é caótica. Agora que a divulgação de conteúdos é quase infinita e acessível, a tática tem sido exatamente o caos. Quanto mais caos, melhor. Manipular os dados, desacreditar a ciência, confundir os inseguros, destruir a reputação dos adversários… O negócio é nos atrapalhar das ideias. Para que sejamos bons e comportados consumidores, bons e comportados eleitores. Uns tolos. A coisa surge como ideologia e se dissemina como entretenimento. E dê-lhe Instagram. O objetivo? Dinheiro e poder, ora bolas. Tudo igual, só que de um jeito diferente.
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A nós, resta vencer na teimosia a ilusão do livre-arbítrio. Sobretudo quando o baixo clero se vê alçado à condição de protagonista e perde completamente a noção.
O projeto era tão, mas tão absurdo, que não se poderia aceitar outro desfecho. Como sociedade, ganhamos todos. Mergulhamos no que de mais obscuro a democracia pode produzir e saímos vitoriosos.
Quem sabe sejamos capazes também de mudar a composição do Congresso nas próximas eleições… Um mínimo que seja. Ou mais. Renovação de 50%, de 60%. Representantes intelectualmente capazes e, sobretudo, éticos. Quem sabe…
Sonho, dirão alguns. Pode até ser. Mas é um sonho que vale a pena sonhar, respondo eu.
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